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Dilma, mas pode me chamar de Cristiana

O presidente Lula disse que não iria para a posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Mas foi

Por Carlos Brickmann
25/04/2010 | 00:00
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O presidente Lula disse que não iria para a posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski. Uma postura deselegante. A candidata Dilma, obediente, também não foi. Mas Lula foi. E não a avisou.

Ciro Gomes acabou sendo informado oficialmente de que o PSB não o quer como candidato à Presidência. Mas, até receber a informação, assistiu às sabotagens, às tentativas de desgastá-lo, ao trabalho do presidente Lula para liquidar sua candidatura. Saiu irritadíssimo; avisou que não fará a campanha nem irá declarar seu voto. Aliás, já declarou: disse que Serra, de quem definitivamente não gosta, tem mais chances de ganhar a eleição. Sua entrevista ao jornalista Eduardo Oinegue, do iG, é duríssima. Chega ao ponto de garantir que os aloprados, compradores e vendedores de dossiês-baixaria, estarão ativos na campanha petista (http://ultimosegundo.ig.com. br/brasil/2010/04/23/fora +da+disputa+ciro+manda+recados+a+lula+dilma+e+pmdb+9466301.html).

Ciro foi fiel a Lula, deixou claro que queria ser candidato para evitar que Serra ganhasse no primeiro turno, mudou seu título eleitoral para São Paulo a pedido de Lula. Foi chutado; na melhor das hipóteses, nada fará que ajude Dilma. Na pior das hipóteses, sabe-se lá.

Há outras coisas. O governo Lula comprou a Nossa Caixa, permitindo que Serra pudesse investir mais em um ano eleitoral. Lula ajudou até Kassab.

A propósito, "cristianizar" é uma palavra de 1950. O candidato oficial era Cristiano Machado, mas seu partido, por trás, apoiou Getúlio, que se elegeu.

SONHOS DE INFÂNCIA
O jornalista Saulo Tavares, do Ceará, escreve a esta coluna:
"Eu lembro, lá pelo meio da década de 60, minha professorinha primária contando a todos nós como seria bom o Maranhão após a queda de Vitorino Freire e a subida de José Sarney. Como o Estado se desenvolveria após nos livrarmos da velha oligarquia. Bom, após tanto tempo veja só no que deu, meu estado retrocedeu e hoje disputa com o Piauí o pior lugar em desenvolvimento no País...

"Ah, sobre a eleição no Amapá, o que se fala em São Luís é que foi a única saída encontrada pelo senador para se reeleger. Razão idêntica por que há algum tempo surgiu a idéia da criação do Maranhão do Sul. Com a divisão do Estado em dois, o Sul continuaria a ser o curral eleitoral do clã."

Só que o curral do presidente do Senado Federal não é o Maranhão, é o Brasil. De 1960 para cá, ele só não esteve no poder no Governo Collor. E apenas porque não deu tempo.

A VOZ E A VEZ DO CARA
E por que o presidente Lula cristianizaria sua candidata Dilma Rousseff? Levantemos uma hipótese: até agora, o líder único e incontestável do PT foi Lula. Um outro petista na Presidência poderia criar nova vertente no partido - alguém que, certamente sem seu carisma, sem ser o mito em que Lula se transformou, teria o poder nas mãos para criar seu próprio caminho. Imaginemos que Dilma queira, em 2014, se candidatar à reeleição, tendo o poder de nomear e demitir. Criaria pelo menos um constrangimento para o atual presidente. Já com um candidato de oposição, adversário do PT, pode ser mais fácil lidar. Lula sairia candidato em 2014 como líder supremo e único do partido. Em palavras mais curtas, o interesse do presidente não estaria em 2010, mas apenas em 2014.

UM NÓ ECONÔMICO
Dois problemas sérios ao mesmo tempo, na economia brasileira: primeiro, a tendência de alta da inflação - o que leva todo o mercado a esperar uma alta dos juros na próxima reunião do Copom. Segundo, um buraco imenso nas contas externas brasileiras, o maior desde 1947 - época em que o Brasil importava até ioiôs da Inglaterra. E qual é o nó? A alta dos juros deve atrair moeda estrangeira, o que é bom para tapar o rombo, mas provoca ao mesmo tempo a valorização do real diante do dólar. O dólar barato estimula a importação e o buraco tende a crescer. Claro que o Governo poderia gastar menos, e com isso segurar a inflação mexendo menos nos juros; mas quem é que acredita nisso, sabendo-se que as despesas do Governo subiram 122% em sete anos, contra 48% da inflação?

MISTÉRIO
O deputado federal Aldo Rabelo, estrela do Partido Comunista do Brasil, PCdoB, não apareceu no horário eleitoral do partido, na quinta. Estavam lá Lecy Brandão, Netinho do Negritude Jr., até a Manuela D'Ávila, a deputada gaúcha que foi da UNE. Falou-se bem do comunismo, falou-se bem do Governo, falou-se bem de Dilma. Que será que o Aldo Rabelo sabe que os outros não sabiam?

É POBRE? MATE-SE!
Um motoboy sem qualquer passagem anterior pela polícia foi preso em São Paulo, por suspeita de participação no furto de uma bicicleta, e em vez de ser levado à delegacia foi para o batalhão da Polícia Militar, onde o espancaram até a morte. Por que? Por nada: talvez algum PM tenha se irritado com alguma coisa que o moço falou. O governo paulista levou duas semanas para reagir, mas está sendo duro: nove dos 14 PMs que estavam de serviço já foram presos e os outros são procurados. Vale a pena ir mais longe: que é que uma boa investigação pode mostrar a respeito da persistência da tortura nas dependências policiais?




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