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Passarelas ficam somente na promessa

Em Sto.André, trecho da Prestes Maia onde casal foi morto continua inseguro para pedestres

Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
09/02/2012 | 07:00
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A construção de duas passarelas na Avenida Prestes Maia, prometida para ser concluída até abril deste ano, não foi sequer iniciadas. As obras beneficiariam moradores dos núcleos Tamarutaca, Sacadura Cabral e Condomínio Habitacional Prestes Maia. O trecho da via foi palco de tragédia em agosto, quando casal de jovens foi atingido por uma roda de caminhão que se soltou. Flávio Almeida Ferreira, 21 anos, e Tainá Teixeira da Silva, 16, morreram quando estavam no canteiro central da via, preparando-se para atravessar o movimentado trecho. No dia seguinte ao acidente, outro rapaz foi vítima de atropelamento no mesmo local.

Segundo a Prefeitura, uma das passarelas seria construída na altura do Tamarutaca e do conjunto Prestes Maia, e a outra nas proximidades do Sacadura Cabral e do centro comunitário. Em setembro, em entrevista ao Diário, o então secretário de Saúde e de Gabinete, Nilson Bonome, disse que os projetos já estavam prontos e o prazo para licitação e construção era de até sete meses. "Portanto, acredito que até março ou abril teremos as passarelas prontas", afirmou na época. Promessa já descumprida foi a instalação de cerca no canteiro central da avenida, que impediria a população de atravessar a via em meio aos veículos.

De acordo com a previsão inicial da Prefeitura, seria investido aproximadamente R$ 1 milhão na construção das passarelas. Questionada, a administração não revelou o porquê da demora para iniciar as obras ou mesmo quando pretende entregar o equipamento à população. Em resposta, a Prefeitura limitou-se a informar que o Departamento de Segurança e Trânsito realiza estudo de impacto das obras da passarela no trânsito e se haverá necessidade de remoção de famílias. As conclusões serão encaminhadas à Secretaria de Habitação.

Enquanto isso, agentes de trânsito continuam a trabalhar em três períodos do dia - às 7h, 12h e 17h - horário de entrada e saída nas escolas. Os marronzinhos auxiliam na travessia das crianças onde há faixa de pedestres e permanecem por cerca de 40 minutos na via.

"A presença deles ajudou, mas ainda é bem perigoso atravessar a Prestes Maia", avisa a dona de casa Fabiana Silva, 34, que espera pacientemente pela passarela prometida pela Prefeitura para que os atropelamentos sejam coisas do passado. Apesar dos agentes, muitos motoristas não respeitam nem mesmo a faixa de pedestres.

"Há alguns dias uma idosa foi atravessar, com o auxílio de um marronzinho, mas um carro quase a atropelou devido ao excesso de velocidade. Ninguém respeita o limite", acusa a doméstica Sandra Teixeira da Silva, 40.

O comerciante Francisco Ferreira, 47, que mantém pequena loja de eletrodomésticos usados na Prestes Maia, já viu inúmeros atropelamentos no local. "Com as passarelas, tudo ia melhorar. Só correria risco de atravessar quem quisesse", defende. Nem mesmo radares fixos nas duas pistas são suficientes para fazer os motoristas reduzirem a velocidade.

Família de vítima tenta reconstruir vida

Sem qualquer assistência por parte da Prefeitura de Santo André, as famílias de Flávio Almeida Ferreira e Tainá Teixeira da Silva tentam colocar a vida nos eixos após perder os filhos em acidente na Avenida Prestes Maia. Vera Lúcia Carvalho Almeida, 41 anos, mãe do rapaz trabalhador, que estava a caminho do cartório para dar entrado no pedido de casamento, ainda se emociona a falar do filho.

"É muito difícil descrever o que estamos passando. Mas agora estamos nos reerguendo e tenho outros dois filhos para cuidar. Seguimos em frente", diz Vera, resignada. Do episódio, fica a revolta por até hoje não haver solução para os perigos da travessia na Prestes Maia. "Precisaria de um farol por ali, pelo menos. Tem muitas crianças circulando pelo local", lembra o pai de Flávio, Francisco das Chagas Ferreira, 45.

Flávio conheceu Tainá na igreja que frequentavam. O casal vivia junto há quatro meses, na casa dos pais da garota. O motorista do caminhão fugiu do local sem prestar socorro. O caso foi encaminhado ao Fórum de Santo André em setembro como homicídio culposo (sem intenção de matar). O processo ainda tramita na 3ª Vara Criminal.




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