Uma sucessão de atropelos retardou, mais uma vez, a perícia, que devia ter começado sexta-feira, nos documentos de defesa do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele responde a processo de quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa, sob a acusação de ter despesas pessoais pagas pelo suposto lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior.

Ao abrir sexta-feira as três pastas com os documentos enviados pelo Senado, a Polícia Federal notou que ainda faltam alguns papéis importantes para responder aos 30 quesitos da perícia. O início dos trabalhos, por causa disso, foi adiado para segunda-feira.

Defesa - Parte dos documentos em falta foi prometida pelo presidente do Congresso para reforçar a defesa, e o restante é colhido por assessores do Conselho de Ética enviados a Alagoas, nas Secretarias da Fazenda e da Agricultura.

O laudo será decisivo para o futuro de Renan, que pode ser cassado se não comprovar a origem de R$ 1,9 milhão que diz ter faturado em venda de gado, dinheiro de onde teria saído a pensão que ele pagava à jornalista Mônica Veloso, com a qual tem uma filha.

O trabalho será feito por oito peritos do Instituto Nacional de Criminalística. Eles farão uma completa análise contábil e documentoscópica dos papéis – notas fiscais de venda de gado, recibos de pagamento, atestado de vacina do rebanho, livro-caixa das propriedades e Guias de Transporte de Animais, além das declarações de renda de Renan no período de 2003 a 2006.

Será analisada a evolução patrimonial do senador peemedebista desde 2003, como também a veracidade das transações que ele alega ter feito com gado e a autenticidade dos documentos que comprovariam essas operações.

Falhas - Um primeiro laudo, produzido há um mês, considerou a documentação insuficiente para comprovar as operações de venda de gado com as quais Renan alega ter faturado R$ 1,9 milhão em quatro anos.

Entre as inconsistências encontradas, o relatório apontou incompatibilidade na cronologia entre as datas das operações com os cheques de pagamento e os recibos. Notou também que vários recibos eram frios, além de outros sinais de maquiagem contábil.