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Apae acumula dívida de R$ 600 mil
Fabrício Calado Moreira
Do Diário do Grande ABC
05/09/2005 | 07:49
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A Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) de Santo André tem uma dívida trabalhista de quase R$ 600 mil, que pode levar a um enxugamento no quadro de funcionários da entidade se não for resolvida. Nesta semana, diretoria e advogados da Apae reúnem-se com representantes do Sinpro (Sindicato dos Professores) para renegociar a dívida.

O montante é oriundo de ação coletiva movida pelo Sinpro ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano) em 1990 em nome de 67 professores, que argumentaram que a entidade não promoveu reajustes e reposições salariais à época. O processo está na 1ªVara Trabalhista de Santo André.

"Esse valor é impraticável. Se a negociação não chegar a valores plausíveis, talvez haja diminuição do efetivo", declara o presidente da associação, Alexandre Bello. Segundo ele, hoje há 400 crianças na Apae, que são atendidas por 100 funcionários, dos quais 29 são professores. Bello calcula que cada criança da Apae sobreviva com R$ 105 por mês.

Por conta do processo contra a Apae, 30% dos repasses de convênios à entidade são retidos pela Justiça. "Dos quase R$ 30 mil que vêm da Secretaria de Estado da Educação, por exemplo, uns R$ 10 mil são bloqueados", conta Bello. Por ano, a Prefeitura de Santo André repassa anualmente R$ 35,7 mil à Apae.

Os bloqueios judiciais servem para acumular o montante da dívida, mas isso não deve ser atingido tão cedo por esse método, argumenta o presidente da associação. "O dinheiro retido é reajustado e a dívida também. As duas linhas não se cruzarão tão cedo, é como nadar contra a maré", compara.

A advogada do sindicato, Leonida Rosa, conta que em 2003 já houve tentativa de diálogo entre a Apae e os professores. "Mas eles vieram com o que chamo de proposta indecorosa, queriam pagar valor bem abaixo e ninguém aceitou", relata. "Já nos procuraram até pedindo que desistíssemos do processo", conta o diretor do Sinpro, Aloísio Alves Silva.

Leonida critica o que chama de certa tolerância com a dívida da associação. "Todo mundo tem dó da Apae, mas não dos professores, mas eles têm direitos. Quem faz filantropia é a Apae", declara. Segundo ela, o sindicato está disposto a voltar a discutir o assunto. Tanto o atual presidente da entidade quanto a advogado do Sinpro evitam colocar a culpa na administração da época. "Não sei dizer o que ocasionou (a dívida), quem errou, como errou", diz Bello. Segundo ele, o presidente da entidade em 1990 era Carolino Augusto, que morreu.

Enquanto o acordo não vem, a Apae se sustenta com doações e ações da diretoria da entidade, composta por voluntários do Rotary. O clube "adotou" a entidade, e promove rifas e jantares beneficentes para arrecadação de recursos. No dia 29 de setembro, a associação realizará jantar beneficente na Mansão Padovezzi, em Santo André, com ajuda dos rotarianos da região. O convite pode ser adquirido por R$ 50 na sede da Apae de Santo André, na Rua Joana Anes, 166, no bairro Vila Guiomar.




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