A Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte, acolheu nesta quinta-feira um antigo inimigo, a Sérvia, e dois outros países nascidos do desmembramento da Iugoslávia, a Bósnis Herzegovina e o Montenegro, na "Associação para a Paz" - um programa de diálogo que não garante, no entanto, uma futura adesão.
"Nossa entrada nesta família é apenas a primeira etapa de um processo que culminará com a integração completa da região na Aliança", afirmou, no entanto, o presidente sérvio, Boris Tadic, durante a cerimônia de assinatura na sede da Otan.
No final de novembro, em Riga, durante a reunião de cúpula da Otan os três países balcânicos foram chamados a aderir à Associação pela Paz, que representa o primeiro nível de diálogo institucional com a Aliança Atlântica
Estes países poderão participar do Conselho de Parceria Euro-Atlântico (CPEA), que passará, assim, de 46 a 49 países membros - contando com os 26 aliados e seus 23 associados.
O fato acontece sete anos depois de a Sérvia ter sido bombardeada justamente pelas forças desta organização durante a guerra em Kosovo.
A decisão tomada pela Otan em novembro passado durante sua conferência em Riga de convidar Sérvia, Bósnia e Montenegro a aderir a Associação para a Paz surpreendeu.
Estados Unidos, França e Grã-Bretanha não concordaram logo com a iniciativa, considerando que Belgrado deveria, antes, entregar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Iugoslávia os líderes político, Radovan Karadzic, e militar, Ratko Mladic, dos sérvios da Bósnia.
A procuradora do TPI, Carla del Ponte, que acusa a Sérvia de não cooperar plenamente na procura destes foragidos, lamentou a decisão.
Na conferência de Riga, a insistência de outros aliados, como a Espanha, foi considerada decisiva.
Segundo estes países, uma atitude inflexível - e até agora improdutiva - teria reforçado os extremistas sérvios e enfraquecido os moderados pró-ocidentais antes das eleições legislativas sérvias, previstas para 21 de janeiro.
Em 1999, a Otan despejou durante 78 dias 25 mil toneladas de bombas sobre a ex-república iugoslava da Sérvia e Montenegro, em uma operação que deixou, segundo as autoridades iugoslavas, mais de 2.500 mortos, entre eles 81 crianças, e mais de 10 mil feridos.
O objetivo deste bombardeio era impedir o regime do ditador Slobodan Milosevic de cometer novos crimes na província de Kosovo, de maioria albanesa, atualmente sob administração da ONU e onde a Otan mantém tropas.
O custo da guerra para os sérvios foi estimado na época em cerca de 30 bilhões de dólares.
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