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Diário faz parte da vida de andreense há 60 anos

Apaixonado por leitura, João de Deus diz que seu dia só começa depois que recebe o jornal

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
27/07/2020 | 00:01
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André Henriques/DGABC


A fala leve, o jeito piadista, o amor pelas coisas simples e o coração repleto de vontade de ajudar ao próximo. Essas são algumas das características de João de Deus Martinez, senhor de 79 anos que, com cinco minutos de conversa, conquista qualquer um com seu carisma. Ele é um dos primeiros assinantes do Diário, quando o jornal ainda se chamava News Seller, em meados de 1958, e até hoje é apaixonado pela leitura, ofício que tenta passar adiante.

Nascido em Araraquara, o morador de Santo André deve o hábito de ler ao pai, José, espanhol que chegou ao Brasil em 1898, de navio, assim como muitos imigrantes. Segundo João de Deus, era a mesma embarcação na qual estava Salvador Pérez, pai dos cantores sertanejos Tonico (1917-1940) e Tinoco (1920-2012).

Aos 4 anos, João de Deus já lia as revistas que o pai sempre levava para casa. Sua história com a leitura se funde também com a do Diário, jornal que levava debaixo do braço quando ia trabalhar na Volkswagen, em São Bernardo, no fim da década de 1960 – local onde ficou até 1983. João lembra das primeiras edições do jornal, ainda com o nome News Seller, em 1958 – o periódico mudou de nome para Diário do Grande ABC em 1968. “Quando é 5h30 estou na garagem, fazendo ginástica e esperando o Diário chegar. Tomo café da manhã lendo o jornal”, diz, entre risos.

Sua leitura começa pela capa, depois quer saber o que diz a Coluna Memória, assinada pelo jornalista e memorialista Ademir Medici, a quem tece elogios. “Gosto da (seção) Palavra do Leitor também. Mas, antes, vejo quem enviou a carta”, brinca. Em seguida, diz ler “de trás para frente”. “Vou para a última folha e vou voltando para o começo. Vejo Setecidades também. Futebol não gosto, mas dou uma olhada, pois preciso estar atualizado caso alguém queira falar comigo sobre o assunto”, afirma.

Um dos seus xodós, além da Coluna Memória, é o suplemento infantil Diarinho (que circula aos domingos). Guarda todos e sempre que vai para o Interior visitar parentes, leva os exemplares para a criançada. “É bom para fazer trabalho de escola e ficarem informados.”

Além de ler, João gosta de escrever, e a mão. Computador nem pensar. Mas nem só de leitura e escrita vive o aposentado. Outra de suas paixões é a música. Ele faz parte da Orquestra de Violeiros de Mauá, grupo tradicional da região. Além disso, toca por aí, diversas vezes acompanhado pela mulher, Leila, 67, cantora, com quem vive há cerca de 30 anos. “Casei com quase 50 anos. Cuidei dos meus pais até o fim da vida deles”, explica.

As apresentações musicais, seja com a orquestra ou com Leila, acontecem onde for preciso. Seu João tem prazer em poder oferecer algum alento, por meio da arte, aos que precisam. “Vamos em asilos, hospitais, orfanatos...” João diz tocar de tudo um pouco. “Violão, berrante, gaita, conto piada, declaro poema”, diz. É também imitador. Lembra-se, de uma vez, que estava visitando doentes em um hospital e viu um garoto que chorava de dor por causa de um câncer. Pediu autorização para entrar no quarto e imitou o canto de um passarinho. “Ele parou de chorar na hora”, recorda.

O aposentado tem outras paixões. É colecionador. Em casa, guarda de tudo, inclusive coisas que remetam à sua infância, em Araraquara. Basta uma olhada rápida em sua casa para avistar brinquedos, peças de presépio e relógios.

Mas, talvez, a maior de suas paixões seja pela vida, tanto a sua quanto a do próximo. “Pratico pensamento positivo desde que me conheço por gente. Minha energia está concentrada nas coisas boas da vida. Se eu puder ajudar, dou uma palavra de conforto”, encerra.




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