O choque de relação entre o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), e o deputado estadual Alex Manente (PPS) vai afiançar o posto de líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa de São Paulo ao popular-socialista. Isso porque o estremecimento gerou a aproximação de Alex com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), para quem o parlamentar trabalhou na campanha. O posto, que deve começar a ser exercido a partir de 15 de março, data da posse no Legislativo, dará a Alex a responsabilidade de tomar as decisões da sigla - hoje com quatro deputados - no Parlamento.

O bom trânsito do PPS com o PSDB na esfera estadual, principalmente, durante as eleições de outubro fez com que Alex ganhasse a confiança do novo comandante do Palácio dos Bandeirantes. Prova disso foi a interlocução com sucesso para que o deputado Davi Zaia (PPS) pudesse assumir uma secretaria no governo tucano. Essa articulação, com dedo de Alex, garantiu a nomeação do correligionário à Pasta de Emprego e Relações do Trabalho.

A movimentação no jogo de xadrez político pode garantir, de quebra, o retorno do ex-deputado estadual Marquinho Tortorello (PPS-São Caetano), 3º suplente, ao Legislativo estadual. O filho do ex-prefeito de São Caetano Luiz Olinto Torterello (PTB), morto em 2004, tende a assumir o mandato por um mês e meio, até a posse dos novos parlamentares eleitos.

Sob a influência de Alex e de seu pai Otávio Manente (PPS), Marinho recebeu uma de suas piores derrotas na Câmara de São Bernardo, em dezembro, quando manobra de bloco de centro, recém-criado, em detrimento do candidato governista Tião Mateus (PT) culminou com a eleição do vereador oposicionista Hiroyuki Minami (PSDB) à presidência do Legislativo.

O fim do casamento ficou escancarado apenas depois dessa reviravolta, apesar de vir cambaleando já há algum tempo. O fato fez com que o petista provasse do mesmo veneno que o ajudou dois anos atrás, quando depois do apoio decisivo dos Manente no segundo turno das eleições municipais de 2008, Marinho derrotou o tucano Orlando Morando, vencendo a corrida rumo ao Paço Municipal de São Bernardo.

De acordo com integrantes do PPS de São Bernardo, uma das principais causas que levaram ao atrito entre a família Manente e Marinho se deu pela falta de valorização dos aliados. Otávio avaliou, na oportunidade, que a administração não soube dar o espaço necessário aos componentes da base de sustentação. "Hoje, o PPS não está mais na base de governo e dificilmente voltará a ser. Com essa formação independente poderemos tomar as decisões sem pressão de A ou B."

A reviravolta na Câmara Municipal demonstrou que o PPS deve ser mesmo o fiel da balança na política de São Bernardo. Nos bastidores, já se comenta sobre a possível dobrada entre PPS, encabeçando a chapa de oposição a Marinho, e PSDB nas eleições municipais de 2012.