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Volpi e Kiko tentam repetir Lauro Gomes

Somente um político foi prefeito de duas cidades na região; tucano e socialista buscam quebrar tabu

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
04/10/2015 | 07:00
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Arquivo/DGABC


Clóvis Volpi (PSDB) e Adler Kiko Teixeira (PSB) tentarão em 2016 feito apenas conquistado por Lauro Gomes de Almeida: ser prefeito de duas cidades no Grande ABC. Conhecido como ‘prefeito das crianças’, Lauro Gomes administrou São Bernardo (de 1952 a 1955 e de 1960 a 1964) e depois governou a vizinha Santo André por cinco meses até sua morte em 20 de maio de 1964.

Volpi ficou à frente do Executivo de Ribeirão Pires entre 2005 e 2012, pelo PV. Em setembro, regressou ao PSDB e voltou à sua cidade de origem na política, Mauá, para buscar o cargo máximo no município. De família com longa trajetória política, Kiko, então no PSDB, comandou Rio Grande da Serra pelo mesmo período de Volpi. Optou por concorrer à Prefeitura de Ribeirão Pires pelo PSB.

Curiosamente, Kiko traça carreira do irmão Aarão Teixeira. Até hoje o prefeito mais jovem do Grande ABC, Aarão administrou Rio Grande da Serra (eleito com 19 anos) entre 1976 e 1982. Em 1988, concorreu na eleição em Ribeirão Pires, mas o desempenho foi muito aquém do esperado: última colocação, com 7,5% dos votos válidos , distante dos 23,92% alcançados pelo prefeito eleito Luiz Carlos Grecco (PTB).

“Era outro momento da política. Ele (Aarão) teve muitas dificuldades as quais não devo enfrentar. Ribeirão está em momento delicado e, atualmente, as pessoas procuram gestores em vez de políticos. Temos case de sucesso de uma cidade que é muito mais difícil de se governar, que é Rio Grande”, opinou Kiko.

A tese de que eleitores hoje procuram gestores em vez de quadros estritamente políticos é compartilhada por Volpi. “As pessoas buscam ver capacidade de gestão. Não quer dizer que não há em Mauá, mas eu me coloco nesta lista. Creio que pode até ser tendência, pois há observação dos candidatos com experiência.”

Para o ano que vem, além de Volpi e Kiko, o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), pleiteia sucesso eleitoral em outra cidade. Depois de 25 anos como militante do PT em São Bernardo, ele volta ao diretório de Diadema para se colocar como alternativa para candidatura a prefeito da cidade em 2016. Vicentinho disputou duas vezes a Prefeitura de São Bernardo, sendo derrotado por Mauricio Soares e William Dib.

LÁ E CÁ
Na primeira metade do século XX houve constante movimentação política entre cidades, pois quadros de Santo André e São Bernardo participaram ativamente de emancipações administrativas de municípios da região – e, consequentemente, tiveram postos de destaques nas cidades recém-constituídas.

O historiador Ademir Medici relembrou seis casos emblemáticos: Anacleto Campanella (vereador em Santo André e prefeito em São Caetano), João Dal’Mas (também parlamentar andreense e prefeito de São Caetano), Evandro Caiaffa Esquivel (vereador em São Bernardo e prefeito em Diadema por duas vezes), Elio Bernardi (vereador em Santo André e prefeito em Mauá), Francisco Arnoni (vereador em Santo André e prefeito de Ribeirão Pires) e Arthur Gonçalves de Souza Júnior (também vereador em Santo André e prefeito de Ribeirão Pires).

Há outros episódios que retratam bem como, no passado, mudanças de domicílio eram algo rotineiro. Fioravante Zampol foi subprefeito nomeado de Ribeirão Pires (quando a cidade ainda pertencia a Santo André), foi vereador em São Bernardo até ser destituído com o Estado Novo e prefeito de Santo André – em uma delas ao substituir Lauro Gomes após sua morte.

O engenheiro Armando de Arruda Pereira dividiu legislatura de vereador com Fioravante Zampol de 1936 a 1937, eleito pelo voto e cassado com o Estado Novo. Embora tenha vivido por anos em São Caetano, virou prefeito de São Paulo, sob nomeação, dando vaga depois a Jânio Quadros.

Armando Ítalo Setti teve no currículo fato curioso: foi prefeito de São Bernardo em dois momentos completamente distintos da República. Entre 1930 e 1932, administrou a cidade quando São Bernardo representava todo o território do Grande ABC na Nova República. Depois, ficou como vereador da cidade, entre 1936 e 1937. Dez anos mais tarde, voltaria ao cargo de prefeito de São Bernardo, desta vez no voto, e com o município não mais englobando todos os demais da região.


Família Grecco virou protagonista em Mauá e Ribeirão Pires

Na primeira metade do século XX, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra eram vinculadas a Santo André. E foi neste período que se registrou alto índice de migração à região, em busca de empregos por conta da linha férrea e, posteriormente, com a instalação de indústrias. Entre as famílias que vieram ao Grande ABC estava os Grecco.

Quis o destino que os Grecco virassem grife política em Mauá e Ribeirão Pires. O primeiro a obter êxito foi Edgard Grecco, prefeito eleito em Mauá e que assumiu em janeiro de 1963 – ele sofreu impeachment dois anos depois em movimento da oposição local (à época com maioria no Parlamento).

Dois de seus filhos seguiram carreira pública: Edgard Grecco Filho e José Carlos Grecco. O primeiro até hoje é vereador, está no sexto mandato e foi presidente da Câmara (um dos atos foi revogar o impeachment do pai). O segundo administrou Mauá entre 1993 e 1996, eleito pelo PMDB. Depois desse mandato, sumiu das urnas, mas continua ativo nos bastidores políticos do PSDB.

Primo de José Carlos e Edgard, Luiz Carlos Grecco também foi prefeito, mas de Ribeirão Pires. Foi por dois mandatos à frente da cidade: entre 1977 e 1982 e 1989 e 1992.

“Meu pai era de São João da Boa Vista (Interior de São Paulo) e minha mãe (Ordália Ferreira Grecco) de Alfenas (em Minas Gerais). Quando chegamos, metade da família ficou em Mauá e a outra parte em Ribeirão. E ficamos assim até hoje”, citou Edgard Grecco Filho, que continua como vereador mauaense pelo Pros.




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