Palavra do Bispo Titulo Religião
Fé e política
Dom Pedro Carlos Cipollini
25/07/2016 | 07:00
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 Nosso País vive uma crise. As dificuldades são preocupantes, porém os momentos de crise são momentos de crescimento, se soubermos aproveitá-los. Não podemos nos deixar levar pelo pessimismo. Ele é a atitude de quem, devendo escolher entre dois males, um maior e outro menor, escolhe os dois.

Nas eleições que se aproximam é necessário reagir e usar o meio pacífico de mudar a sociedade que é o voto. É preciso preparar-se para votar e votar bem, escolhendo os candidatos e votando com consciência. Após as eleições, fiscalizando os que ganharam, verificar se estão cumprindo as promessas. As promessas em geral são esquecidas pelos que ganham as eleições, mas não pelo povo. O que falta é cobrar pelo seu cumprimento. A cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos.

Escreveu o Padre Júlio Maria, intelectual brasileiro: “Todo o mal do Brasil é que a política é uma profissão; mas os políticos não são profissionais”. Aqui está o motivo da dificuldade na qual estamos atolados. Nossa crise é mais que tudo uma crise política, devido à incompetência e corrupção na política.

Nós cristãos católicos, a partir de nossa fé, sonhamos e nos comprometemos com um País próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência, discriminação, mentiras e com oportunidades iguais para todos. Somente com a participação cidadã de todos é possível a realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município. Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios. As próximas eleições são um dos caminhos para atingirmos esta meta.

A Igreja Católica não tem partidos nem candidatos próprios, respeitamos a consciência de cada um para escolher. A democracia começa por aí. Mas lembramos que os cristãos leigos e leigas, não podem abdicar da participação na política, devem trabalhar pelo bem comum, na perspectiva do Reino de Deus que é vida plena para todos (Jo 10, 10).

O Papa Francisco disse: “Para os cristãos, é uma obrigação envolver-se na política. Nós, cristãos, não podemos fazer como Pilatos: lavar as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política, pois a política é uma forma mais alta de caridade, porque busca o bem comum. E os leigos cristãos devem trabalhar na política. Você, então me dirá: Mas não é fácil, pois a política está muito suja. E, então, eu pergunto: A política está suja por quê? Não será por que os cristãos se envolveram na política sem o espírito do Evangelho? Faço-lhe outra pergunta: É fácil dizer que a culpa é de outro, mas eu o que estou fazendo?” (Audiência no Vaticano em 7.6.2013).

O cristão na política deve agir a partir da fé em Deus que o leva a trabalhar pelo bem comum, não pelos interesses pessoais ou de grupos.




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