Cultura & Lazer Titulo São Paulo
Escocesa instalará a própria voz na Bienal
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02/06/2010 | 07:00
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Em março, a artista escocesa Susan Phillipsz esteve em São Paulo e se encantou, no Parque do Ibirapuera, com o amplo espaço da marquise, em que convivem e, de certa forma, se libertam tranquilamente de qualquer convenção skatistas, músicos espontâneos, crianças, adolescentes. "Aquele é um lugar incrível, com ótima acústica. É um espaço verdadeiramente público", diz Susan. A visita ao Brasil fazia parte de suas pesquisas para a 29ª Bienal de São Paulo, que ocorrerá entre setembro e dezembro e da qual ela é uma das artistas convidadas. Susan está na lista oficial de nomes participantes, nacionais e estrangeiros, selecionados pela curadoria do evento e anunciados, ontem.

Susan Phillipsz se dedica a criar site specifics (arte criada especificamente para um espaço) e instalações sonoras em que usa a própria voz.

O que está planejando apresentar na Bienal de São Paulo?

SUSAN PHILLIPSZ - Estou trabalhando um novo projeto para a marquise, situado do lado exterior do Pavilhão. Vou trabalhar com minha própria voz, mas ainda é cedo para especificar a obra.

O que a impulsionou a considerar o som como matéria de suas criações?

SUSAN - O impulso inicial foi para mim a escultura. Comecei a pensar sobre a ‘fisicalidade' e os aspectos esculturais da produção do som. Tomei consciência do espaço interior do corpo e do que acontece quando você projeta sons em um local quando canta. Projetar a voz desencarnada em um espaço pode conferir àquele lugar uma presença misteriosa, etérea. Essas considerações me permitiram desenvolver as obras que crio atualmente. Estou interessada na relação entre som e arquitetura e nos efeitos psicológicos do som, em como a música pode agir como gatilho para a memória.

Em suas obras, você pode criar tanto versões de músicas populares quanto canções políticas. O que pensa do tema desta Bienal de São Paulo, a relação entre política e arte ou ‘política da arte'?

SUSAN - É um tema muito interessante e pelo qual me identifico. Há muitos aspectos políticos na prática da arte e acho que é muito relevante. E não é sempre tão óbvio assim. Por exemplo, instalar minha obra na marquise pode ser considerado um ato político, porque intervém em um espaço público e pede para ser considerado ao longo dos eventos dos dias. Penso em escolher com cuidado o local exato para que o trabalho possa convocar uma resposta coletiva e para que cada um possa tirar algo dele. Como artista, acredito que é melhor ser mais ambígua e menos didática a respeito da política.

Você tem alguma relação com o Brasil ou com a cultura brasileira?

SUSAN - Acho o Brasil um lugar fascinante do que sei do País. O Brasil tem uma história inacreditável e é muito multicultural, comparado a Berlim, onde vivo. Quando visitei São Paulo, fiquei tomada pela incrível energia que há naquela marquise, no Ibirapuera. A cidade parece tão viva, apesar da selvageria da modernidade estar tão presente nela.




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