Até os 26 anos, a escrita era uma atividade íntima para Andréa Del Fuego, reservada apenas aos diários de menina e às cartas enviadas aos parentes. Graças ao providencial empurrão de um amigo editor, a autora, criada em São Bernardo e apontada como um dos grandes nomes de sua geração, assumiu seu talento para as letras e tem estreitado cada vez mais os laços com seus leitores, seja por meio de seu blog (http://andreadelfuego.wordpress.com) ou de oficinas e encontros cada vez mais frequentes como o de amanhã, às 20h, no Sesc Santo André, como parte do programa "Leitura de Troca".

A autora vai compartilhar com o público três de seus contos: Gira, Avon e Como Ganhar um Jabuti. "Oficinas e encontros são muito produtivos. É quase uma transfusão de coragem", define a paulistana de 34 anos.

Criada no Jardim Hollywood, Andréa nunca foi do tipo introvertido atribuído aos colegas e nem passava horas lendo. "Era mais a do tipo que sentava no fundo e falava bastante", assume. Apesar da infância comum, se pegava rascunhando pensamentos frequentemente. "Minha mãe me deixava cuidando dos meus dois irmãos menores e pedia para eu lavar a louça, mas eu ficava em cima do papel", conta.

Formada em curso técnico de Publicidade, trabalhou com produção de revistas, cinema e campanhas em geral quando levou um texto seu para um amigo, que trabalhava na extinta Revista da 89, há cerca de oito anos. Naquele momento, Andréa de Fátima dos Santos ganhou uma coluna sobre dúvidas sexuais e, de quebra, a assinatura que utiliza até hoje, emprestada da vedete Luz Del Fuego (1917 -1967). "Foi sugestão da minha sogra. Achei muito sonoro e tinha essa associação com sexo que tinha a ver a princípio. Gostei também porque a Luz foi uma mulher muito forte", explica.

Desde então publicou quatro livros de contos, dois juvenis e participou de diversas antologias. Até o fim do ano, lançará mais três livros, incluindo o primeiro romance adulto, Os Malaquias, e outro infantil.

Mas o projeto mais desafiador dessa fase foi a novela Sofia, o Cobrador e o Motorista, contemplado por um programa do MEC destinado a neoleitores (recém-alfabetizados, seja crianças ou adultos). "Foi um exercício e tanto ter esse público em mente no momento em que comecei a escrever", afirma.

Hoje, além do segundo semestre de Filosofia, atualizações do blog e colaborações esporádicas no programa Entrelinhas, na TV Cultura, a incansável Andréa já se debruça em mais duas obras. "Imaginação é assim: você risca o fósforo e ela pega fogo, vai embora", define.

Leitura de Troca, Com Andréa Del Fuego. Amanhã, às 20h. No Sesc Santo André - Rua Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Entrada franca.