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Casal escreve a Dilma para pedir viagem

Sonho de seu Carlos, 87 anos, é levar a mulher para conhecer Brasília

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
26/11/2011 | 07:00
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Carlos Gonçalves jura que tem 87 anos, mas Lilia Loureiro Gonçalves, 83, diz que o marido só vai completar essa idade em agosto do ano que vem. Na quarta-feira, o casal de Santo André comemorou outra data especial: 54 anos de casados. O presente que seu Carlos gostaria de dar à mulher e companheira de uma vida depende, porém, da presidente Dilma Rousseff. Ele quer levar dona Lilia à Brasília. E mandou carta para a presidente pedindo passagem e um cicerone para guiar o casal pela capital brasileira.

"Mas não quero ir não. Fazer o quê lá", diz a voluntariosa senhora de óculos de aro transparente. Dona Lilia está sentada ao lado do marido no sofá cheio de enfeites de crochê que ela mesma faz, os braços cruzados sobre o peito. "Ah, mas eu convenço ela, viu?", garante seu Carlos, sem parar de tentar abraçar aquela que chama de "lasquinha de ouro". "A gente se atura", brinca dona Lilia.

O casal vive em um sobrado no Centro de Santo André há sete anos, mas desde 1957, quando se casaram, moram na cidade. Foi nela que criaram seus quatro filhos: Lílian, do primeiro casamento de dona Lilia, mas criada por seu Carlos, Levi, Lóide e Lídia. Todos com a letra L. "Eu quis assim e obriguei ele a registrar", diverte-se dona Lilia. Seu Carlos apenas balança a cabeça em sinal de aprovação e completa: "Mas eu também gostei."

Seu Carlos quer conhecer Brasília e tirar fotos ao lado da mulher com a obra de Oscar Niemeyer ao fundo. Porém, o motivo da viagem não é apenas turístico. Em Brasília, ele quer conhecer também o funcionamento dos Três Poderes. Isso porque o corretor de imóveis, que aos 87 - ou 86 - continua vendendo imóveis, gosta de política. Foi candidato a vereador do município pelo Partido Socialista Brasileiro em três ocasiões. "Não cheguei a ser eleito, mas sempre acompanhei a política da minha cidade e do meu País."

O senhor de cabelos brancos e óculos de aro preto lembra da época da ditadura, em que fugia do Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, por defender o socialismo. "Acho que político que rouba deveria pagar com prisão perpétua."

RELIGIÃO

Seu Carlos é um socialista incomum. Apesar de defender as ideias de Karl Marx e Friedrich Engels, é religioso. Conheceu dona Lilia na igreja que ambos frequentam até hoje, a Presbiteriana. "Esse é o segredo de estarmos juntos: Deus e a religião", garante.

Dona Lilia participa ativamente das atividades da igreja e canta no coral. Os filhos e os dez netos também são evangélicos. "Foi Deus quem me deu força para enfrentar os desafios da vida. Não fiquei rico, mas consegui criar minha família."

O celular de seu Carlos não para de tocar. Ativo, trabalha diariamente das 10h às 16h e ainda encontra tempo para escrever seus textos no computador. Guarda na garagem o Fusca 1976, para quando puder voltar a dirigir. "Preciso antes operar a catarata."

O simpático senhor de sorriso fácil garante que só vai embora desta vida em 2036. "Quero acompanhar a Copa e os Jogos Olímpicos no Brasil, no mínimo. Acho que chego lá". Se depender da alegria e da vontade de viver de seu Carlos, os planos estão garantidos.




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