Setecidades Titulo
Antraz ameaça o Grande ABC e São Paulo
Por Joaquim Alessi
Do Diário do Grande ABC
17/10/2001 | 05:00
Compartilhar notícia


Investigações do Serviço Reservado da Polícia Militar do Estado de São Paulo revelaram que cartas com a bactéria antraz, que aterroriza o mundo nos últimos dias, podem começar a chegar a São Bernardo, Jundiaí e São Paulo a partir desta quarta. O trabalho é cercado de muito sigilo para não alarmar a população. O Diário apurou com exclusividade que nesta terça, por volta de 18h30, um oficial do Serviço Reservado telefonou para o prefeito Maurício Soares (PSDB) e falou das suspeitas.

Imediatamente o prefeito suspendeu a reunião de secretariado que coordenava no Paço e convocou o presidente da Defesa Civil, também secretário de Serviços Urbanos, Gilberto Frigo, para uma conversa reservada. Localizado à noite, Frigo confirmou a informação, mas disse que a população deve se manter calma.

Nesta quarta, a Defesa Civil manterá contato com as principais multinacionais de São Bernardo, como Volks, Ford, Mercedes-Benz e outras (eventuais alvos dos terroristas), além de escolas e agências dos Correios para orientar sobre como proceder em caso de receber correspondências suspeitas.

A Defesa Civil também dará orientações gerais para a população, tais como observar com atenção o remetente de qualquer carta antes de abrir o envelope, só abrir correspondências enviadas por conhecidos e, em caso de suspeita, entrar em contato com o órgão, pelo telefone 199.

O comandante da PM na região, coronel José Roberto Crisóstomo, também confirmou nesta terça à noite as investigações do Serviço Reservado, mas procurou tranqüilizar a população e disse que a denúncia “chegou ao serviço de informações em São Paulo”.

O ministro da Saúde, José Serra, afirmou que os Correios adotaram procedimentos preventivos para impedir que correspondências com o bacilo cheguem aos destinatários.

O governo brasileiro dispõe de antibióticos para atender 7,5 mil pessoas, caso o país venha ser vítima de uma contaminação bacteriológica. A rede de farmácias no território nacional possui pelo menos três marcas de remédios para combater a doença infecciosa.

Serra afirmou também que o Instituto Biológico do Exército encontra-se à disposição do governo para ajudar o Ministério da Saúde.

Valinhos – Um engenheiro de Valinhos, cidade próxima a Jundiaí, recebeu nesta terça uma carta contendo pequena quantidade de pó branco. O envelope trazia como remetente a empresa American Express. O engenheiro, que teve a identidade preservada, suspeitou que o pó pudesse conter antraz ou outra bactéria e procurou a Defesa Civil de Valinhos, que o encaminhou à Vigilância Epidemiológica.

O pacote foi lacrado e enviado ao Instituto Adolfo Lutz. Nesta quarta, o pó será analisado pelo Instituto Biológico da Secretaria de Saúde do Estado. Segundo a diretora regional da Vigilância Epidemiológica, Márcia Regina Paccola, não há previsão para divulgar o resultado.

Márcia disse que o engenheiro não apresentou, até agora, nenhum sintoma de contaminação. Ele foi orientado a se lavar bem e guardar num saco plástico as roupas que estava usando quando abriu o envelope. Enquanto o resultado da análise não for divulgado pelo Instituto Biológico, o engenheiro permanecerá sob orientação médica. O carteiro que entregou o envelope está sendo procurado para que ele também seja orientado sobre cuidados médicos.

Exames preliminares indicam que dois supostos casos de bioterrorismo registrados nos últimos dois dias no Rio – num avião da Lufthansa, domingo, e no Consulado dos Estados Unidos, segunda-feira — não passaram de trotes. Nesta terça a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que analisa amostras recolhidas nos dois casos, divulgou o resultado dos testes bacterioscópicos realizados com o pó branco enviado ao consulado, que não indicaram presença de germes. A substância encontrada no avião ainda é desconhecida e continua sendo examinada. O falso ataque bacteriológico ao Consulado ocorreu por volta das 15h de segunda-feira, mas só foi divulgado nesta terça.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;