É só a época de chuvas e calor começar para os siriris - como cupins com asas e aparelho reprodutor são conhecidos popularmente - saírem dos ninhos e invadirem casas e ruas. Mas por que isso ocorre? Entre agosto e outubro as aleluias (como também são chamados) voam para acasalar.

Em pouco tempo, pousam no chão e perdem as asas. Quando fêmea e macho se encontram em um lugar favorável, como solo ou madeira, podem iniciar nova colônia (lugar no qual cupins vivem juntos). Entretanto, a maioria dos insetos morre antes disso. O casal escava pequeno buraco, onde irá acasalar. Depois de fertilizada, a rainha bota os ovos que darão origem aos primeiros cupins.

Os novos insetos recebem cuidados do casal até começarem a andar. Após esse período, a única função do rei e rainha é se reproduzir. Há espécies de cupim em que a fêmea bota até 30 mil ovos por dia. Dá para imaginar?

Organizadas - Na sociedade dos cupins, cada um tem sua função. Além do rei e rainha, existem os operários, que coletam material para transformar em alimento, e os soldados, mais fortes, responsáveis pela defesa da colônia. Nenhum deles têm asas e aparelho reprodutor.

Os cupins estão presentes em todo o mundo, com exceção de lugares muito gelados. Os cientistas já descobriram cerca de 2.000 espécies, 200 são encontradas no Brasil. Vivem em árvores, enterrados no solo e até em móveis de madeira, dentro das casas. Em uma única colônia podem existir milhões de cupins.

Possuem três fases de desenvolvimento: ovo, ninfa e inseto adulto. Apesar de muita gente confundir, são diferentes das formigas. Os cupins não têm ferrão e, apesar dos soldados e operários não se reproduzirem, podem ser machos e fêmeas. As formigas sem aparelho reprodutor são sempre fêmeas.

O cupim está há muito tempo na Terra. Cientistas encontraram fósseis com 55 milhões de anos! Apesar de ser considerado praga, por destruir árvores, plantações, casas e móveis, é importante fonte de alimento para vários bichos, como o tamanduá.

Cupim faz vários tipos de ninho
O cupinzeiro ou termiteiro é a casa dos cupins. Pode ser construído no alto das árvores e abaixo do solo, dependendo da espécie. Em geral, é feito de terra, saliva e outras substâncias produzidas pelos insetos. No Interior, é comum ver colônias na superfície, parecidas com pequenos montes de terra.

Dentro do ninho há vários túneis, usados para armazenar alimentos, ovos, entre outras funções. A construção é tão boa que a temperatura, ventilação e umidade são exatamente as necessárias para o inseto se desenvolver.

A espécie africana Macrotermes bellicosus é a prova de que o cupim é um dos arquitetos mais eficientes da natureza. Constrói cupinzeiros gigantes, que podem atingir 8 m de altura.

Cocô e vômito são alimentos
O desenvolvimento do aparelho reprodutor depende do tipo de alimento que o cupim ingere na fase em que é ninfa. Para produzir o alimento da colônia, o operário ingere celulose, encontrada em folhas e madeira. Para dissolver a substância no organismo, precisa da ajuda de protozoários, fungos ou bactérias, que vivem no seu intestino. Apenas esses bichos conseguem realizar a tarefa.

O operário pode alimentar as ninfas de duas formas: por meio do vômito ou pelo cocô (não precisa ficar com nojo, é bem diferente dos humanos).

No cocô existem alguns protozoários, que moravam no intestino do operário. Quando a ninfa come, os bichinhos passam a habitar o corpo dela, ocupando toda a cavidade abdominal (barriga). Assim, não sobra espaço para o aparelho reprodutor se desenvolver. Diferentemente, aquelas que ingerem o vômito poderão acasalar na fase adulta.