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Professora da região projeta prótese de braço a baixo custo

Trabalho de mestrado foi apresentado em março; 3.010 pessoas perderam membros superiores nos últimos dez anos em SP

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/09/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A mestre em engenharia mecânica e sistema de controle Solange Damaceno, 56 anos, apresentou em março, como conclusão do seu mestrado na UFABC (Universidade Federal do ABC), o protótipo de prótese de braço robótico antropomórfico de baixo custo. Professora de mecatrônica e moradora do Riacho Grande, em São Bernardo, Solange quis desenvolver prótese que fosse acessível para todas as pessoas. O custo do equipamento é inferior a R$ 6.000, enquanto os modelos robóticos podem custar até US$ 200 mil (R$ 836 mil, pela cotação de 23 de setembro).

Segundo o DataSUS, nos últimos dez anos, 3.010 pessoas no Estado se submeteram à amputação parcial ou total de membros superiores. 

A pesquisadora, que atuou 25 anos na indústria, na área de mecânica, explicou que esse é o primeiro projeto todo desenvolvido no Brasil, já que muitas universidades trabalham atualmente com o chamado open source, termo em inglês para código aberto, onde as fórmulas básicas são disponibilizadas gratuitamente na internet. “Todos os componentes que utilizamos são nacionais. Exceto os fios e sistemas elétricos, todas as partes foram impressas em impressoras 3D”, detalhou.

Orientada pelo professor credenciado no curso de engenharia de instrumentação, automação e robótica e ex-coordenador do programa de pós-graduação em engenharia mecânica da instituição Magno Enrique Mendoza Meza, Solange buscou ajudar as pessoas mais necessitadas ao desenvolver o projeto. O mestrado durou dois anos e a montagem do protótipo consumiu mais de sete meses. 

Solange não era bolsista e todos os custos foram bancadas por ela e por seu orientador. “Claro que com mais recursos poderíamos ter melhorado ainda mais. Mas considerando as limitações, o projeto superou as minhas expectativas”, afirmou. A professora identificou que atualmente apenas quatro pessoas no Brasil usam um braço robótico. 

Solange explicou que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda não regulamentou o uso de próteses produzidas com impressoras 3D, mas que o seu projeto pode ser adaptado para que o equipamento seja feito com alumínio. O modelo é modular, podendo ser usado em casos de amputação total e apenas do antebraço. “Não vai encarecer muito e poderá ser produzido em alta escala”, pontuou. 

Para a movimentação da prótese, existem duas possibilidades: o uso de uma cinta que possibilite o movimento pelo pensamento, ou um bracelete adaptado ao braço para que a prótese reproduza os movimentos. “Em qualquer um dos casos, o valor não vai passar de R$ 6.000”, citou. “Sempre trabalhei com meus alunos que o conhecimento apenas para si não é importante, precisa ser compartilhado em benefício de todos, especialmente de quem mais precisa”. Veja no site www.dgabc.com.br um vídeo de apresentação do projeto.

UFABC PARA TODOS

A UFABC promove nesta quinta-feira o evento UFABC para todos. A atividade será realizada ao longo do dia no campus Santo André, período no qual a instituição receberá visitantes – com foco em estudantes – para conhecerem suas instalações e projetos. O protótipo do braço robótico antropomórfico de baixo custo estará em exposição. Outras informações e inscrições para grupos escolares pelo site paratodos.ufabc.edu.br.




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