Elas fazem parte da mesma tribo. Apesar de urbanas, adoram se fantasiar de aventureiras. Não abrem mão de usar apliques plásticos para parecerem mais robustas e não saem da garagem sem calçar pneus de uso misto. A mais nova integrante dessa turma é a recém-lançada Hoggar Escapade cabine simples, que neste comparativo chamou para a briga as estendidas Saveiro Cross e Strada Adventure Locker.

Logo de cara, a representante da Peugeot mostra as garras. Partindo de R$ 43,2 mil, oferece bom custo-benefício, com direção hidráulica, ar-condicionado, faróis de neblina e rodas de liga leve de 15 polegadas de série. Air bag duplo é opcional (R$ 1.700). Freios ABS, porém, não estão disponíveis.

A guerreira da Volks não fica muito atrás. Tem preço sugerido mais baixo que a Hoggar (R$ 42.380), mas não tem ar-condicionado de fábrica, mimo opcional que custa R$ 2.880 - elevando o valor para R$ 45.260. Bolsas infláveis e ABS são opcionais (R$ 2.030). Ponto positivo: É a única com sensor de estacionamento e capota marítima de série.

A Strada, por sua vez, derrapa. É a mais cara, R$ 47.240, sem entregar nada a mais que as concorrentes, a não ser o Locker - sistema de bloqueio do diferencial pouco útil no dia a dia. Air bag e ABS são opcionais (kit HSD, R$ 2.300), assim como o revestimento parcial dos bancos em couro (R$ 1.150) - única a oferecer.

DESIGN
Hoggar, Saveiro e Strada têm visual interessante, cada uma com sua particularidade. A mais chamativa, que beira o exagero, é a Fiat. Apresenta muitos apliques plásticos para dar impressão de tamanho superior. A dianteira, com faróis de dupla parábola, ainda agrada, apesar de ser o projeto mais antigo entre as concorrentes. A traseira, por sua vez, peca com a lanterna falsa na tampa da caçamba.

A Volks é a mais bem resolvida em termos de visual. É bonita. Não abre mão das peças plásticas, que, ao contrário da Fiat, são mais discretas. A dianteira remete ao irmão Gol, mas por causa do para-choque redesenhado, parece ser um veículo maior. A lateral limpa, com o step side no estilo da Chevrolet Montana, chama atenção pela linha de cintura reta. A traseira arrebitada é sóbria, como deve ser a de uma picape pequena.

Conhece o 207 SW Escapade? Então, a Hoggar de mesmo sobrenome tem dianteira igual. Conjunto óptico avantajado é a marca registrada da picape, que traz para-choque com detalhes na cor cinza. A traseira tem lanternas diferenciadas - meio triangulares -, que invadem a lateral. É uma marca registrada da intrusa que agradou a alguns, mas fez outros torcerem o nariz.

Assim como a Saveiro, tem step side - que no caso da Peugeot serve também como renovador do ar da cabine.

Nesses primeiros rounds, Hoggar Escapade e Saveiro Cross deixaram a Strada Adventure um pouco para trás. Vamos ver o que essa batalha nos reserva.

Caçamba!

Picape que se preza tem caçamba boa! E, neste quesito, parece que a Hoggar Escapade supera a concorrência. Do mesmo comprimento que a Saveiro Cross (4,52 metros) e 7 centímetros maior que a Strada Adventure, a Peugeot leva a melhor por ter cabine simples. Assim, entrega a maior capacidade volumétrica do segmento, com 1.151 litros. No entanto, a capacidade de carga útil é a pior, podendo transportar 35 quilos a menos que a campeã Strada.

Ponto positivo novamente para a Hoggar quando analisado o espaço da caçamba. Por ter sistema de suspensão diferente do das rivais, a caixa de rodas é menos saliente, possibilitando o transporte de objetos maiores. Bela sacada!

Mas por terem cabine estendida, Saveiro e Strada têm suas vantagens. Atrás dos bancos, o espaço é bem mais generoso do que na Hoggar.

Na Adventure, um detalhe pode atrapalhar. O estepe, diferentemente das concorrentes, onde fica sob o carro, pode ser transportado na caçamba ou dentro da cabine, diminuindo bem o espaço.

CONFORTO
Chega de olhar. Vamos bisbilhotar. Entrar na Hoggar é como entrar em qualquer uma das outras versões da família 207. O acabamento é simplório. Plástico por todos os lados. Porém, nenhuma rebarba ou peças desencaixadas. Os ajustes de altura do banco e da direção ajudam a encontrar boa posição ao volante.

A Strada, por sua vez, volta a patinar. Apesar do revestimento parcial dos bancos em couro, os plásticos utilizados são de baixa qualidade, com rebarbas. A posição de dirigir é elevada e a única opção de regulagem é a de altura do volante.

Quando avaliada, a Saveiro Cross saltou aos olhos. É equilibrada. Plástico e tecido resultam em bom acabamento. A ergonomia é a melhor, graças aos ajuste de altura dos bancos e as regulagens de altura e profundidade da coluna de direção. É fácil se acomodar no Volks.

DESEMPENHO
Em termos de saúde, o motor 1.8 Flex da Strada empurra mais que o 1.6 16V Flex da Hoggar e o 1.6 8V Total Flex da Saveiro. Porém, a suspensão voltada para o conforto (macia) e a transmissão com engates não tão precisos tiram um pouco o gosto da pilotagem.

Já a Peugeot e a Volks têm comportamentos parecidíssimos. Com acerto de suspensão na medida correta (rígida) e câmbio justinho, o comportamento de ambas é igual ao dos melhores hatches. (Marcelo Monegato)