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Manobras supergeladas
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
27/06/2010 | 07:08
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Divulgação


A emoção e os desafios do street skate inspiraram atletas de snowboard a criarem um estilo diferente. Surgiu, então, o slopestyle, modalidade em que é preciso ultrapassar obstáculos - semelhantes aos vistos nas ruas -, como canos de ferro, caixas de madeira, degraus, trilhos e rampas, ao mesmo tempo em que se realizam manobras radicais na neve.

Apesar de pouco conhecida no Brasil, a categoria tem muitos adeptos e fãs, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Chile e em países da Europa. Integra a Copa do Mundo de Snowboard, mas ainda não está presente nos Jogos Olímpicos de Inverno. Segundo Carlos Eduardo Barros de Almeida, diretor de snowboard da Confederação Brasileira de Desportos na Neve, isso não deve demorar a acontecer.

Só corajosos - Os praticante têm entre 17 e 45 anos, sendo a maioria jovens do sexo masculino. "O atleta tem de ser muito ousado, saltar, inventar e fazer manobras. Como nessa modalidade pode se machucar bastante, os mais velhos ficam preocupados", afirma Carlos Eduardo. "O estilo é livre e exige muita coragem. A gente tem de estar ‘o tempo todo ligado", explica o skatista e snowboarder André Cywinski.

Quem deseja se especializar na categoria precisa seguir a mesma dica para a prática de qualquer esporte no gelo. ‘Tem de estar na neve. Qualquer estação (de esqui), hoje, tem snow park com todos os obstáculos instalados", completa André.

O norte-americano Shaun White é um dos destaques mundiais no slopestyle e em outras modalidades de snowboard. No ano passado, ganhou medalha de ouro no Winter X Games neste estilo. Dá para conferir os vídeos no YouTube.

Dá pra ver! - Ficou curioso para conhecer? No dia 17, São Roque recebe o Desafio Brasileiro de Slopestyle. O evento vai rolar no Ski Montain Park (Estrada da Serrinha, tel.: 4712-3299), com 40 atletas brasileiros. O local, aliás, tem a pista de snowboard mais antiga do País.

Duas máquinas trituradoras devem garantir mais de 100 toneladas de gelo picado. Os três participantes com melhor pontuação garantem vaga no Campeonato Sul-Americano de Snowboard, na Argentina.

Snowboard é desafio para o corpo e o bolso
O snowboard começou a se popularizar entre as décadas de 1970 e 1980, mas surgiu informalmente bem antes. Há registros de que povos que viviam nas montanhas utilizavam uma espécie de prancha para se locomover na neve nas primeiras décadas do século 20.

Hoje, o esporte conquistou adeptos no mundo todo, inclusive nos países onde dificilmente encontra-se neve, como o Brasil. Aliás, o destaque brasileiro no esporte é Isabel Clark, 33 anos, que nos Jogos Olímpicos de Turim, em 2006, ficou com a nona colocação. Entretanto, neste ano, em Vancouver, a carioca não conseguiu repetir o feito, ficando em 19º lugar.

Além dos desafios técnicos para a prática, há obstáculos financeiros. Dedicar-se ao esporte exige muito investimento, principalmente em viagens para locais com gelo. Segundo o skatista e snowboarder André Cywinski, o kit completo (roupa, botas, óculos, prancha e protetores) custa entre R$ 1.500 a R$ 2.000.

O preço das viagens é um pouco mais salgado. Uma semana numa estação de esqui na Argentina, por exemplo, custa cerca de US$ 1.500 (pouco menos de R$ 3.000), incluindo passagem, estadia em local simples, alimentação e transporte até o alto das montanhas.

 

Paixão pelo snow e pelo skate
Em 1995, o andreense André Cywinski, 32 anos, foi para a Noruega fazer intercâmbio. Ficou um ano no país em que não falta neve e lá começou a praticar snowboard. Em 1997, competiu pela primeira vez no Chile e, em 1998, já participava do Circuito Mundial.

Mas a intimidade do atleta com esportes radicais é mais antiga. Desde a década de 1980, praticava skate numa pista de Santo André que já não existe mais (onde hoje é a avenida José Amazonas) e na de São Bernardo (a do Parque Radical, onde ele treina até hoje). "Skate, surfe e outros esportes que utilizam prancha ajudam muito na pratica do snow."

Segundo André, o snowboard ainda é caro para os brasileiros. "Hoje, estou mais presente no skate pela facilidade financeira", explica. O corpo do atleta leva as marcas de quem se dedica ao esporte há 15 anos. Entre tantos machucados, quebrou o nariz três vezes, tem hérnia de disco e até parafuso na coluna. "Neve machuca muito. É tão dura quanto a areia e a grama. A sensação de cair no fofo não existe."




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