Política Titulo
Escolhidos pelo partido
Raphael Di Cunto
Especial para o Diário
19/09/2010 | 07:02
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Seja para fortalecer a campanha dos puxadores de voto, seja para ajudar dirigentes partidários na eleição, as doações de partidos para candidatos constituem importante fonte de receita para os políticos, mostra levantamento do Diário na prestação de contas dos pleiteantes do Grande ABC.

De R$ 8,5 milhões arrecadados pelos políticos da região, 27,8%, ou R$ 2,3 milhões, são de doação direta das legendas. Montante que pode vir tanto do Fundo Partidário, repassado pelo governo federal para manter as siglas, ou para esconder o nome dos doadores verdadeiros.

Empresas que não querem associar seus nomes ao de políticos têm como alternativa doar dinheiro ao partido, que repassa ao candidato. Desta forma, a prestação de contas final, entregue 30 dias após o pleito, não liga o doador ao político, privando o eleitor de saber quem financiou a campanha de seu representante no governo.

Pela prestação de contas, não é possível aferir quanto vem de cada fonte. "Não adianta a gente querer enganar o eleitor. A maior parte dos recursos que mantêm os partidos vêm de empresas", afirma o primeiro secretário do PSB de São Paulo, Wilson Pedro da Silva.

Segundo ele, o dinheiro distribuído pelo PSB aos candidatos provém de pessoas físicas. Até o momento, o partido destinou R$ 244 mil para os 17 postulantes da região. A maioria ficou sem nada. Já o vereador Vandir Mognon (PSB), de São Bernardo, recebeu quase R$ 150 mil para bancar a candidatura a deputado federal.

Outro recordista de arrecadação partidária é o ex-prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), que concorre a federal. Ajudado pelo cargo de tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, o petista ganhou R$ 580 mil da legenda - mais da metade de suas doações até agora.

O PT também repassou R$ 340 mil para o ex-presidente do partido em Mauá, Hélcio Silva, que disputa vaga na Câmara Federal. A sigla foi, inclusive, a que mais mandou recursos para os candidatos do Grande ABC: R$ 1,4 milhão, divididos entre seus 14 postulantes.

O Diário procura dirigentes estaduais do PT desde quarta-feira para saber os critérios para distribuição dos recursos, mas não obteve retorno.

A cúpula do PSDB, que investiu R$ 552 mil nas campanhas dos sete tucanos que concorrem pela região, também não respondeu. Metade desse dinheiro, porém, foi para o ex-prefeito de São Bernardo William Dib, que migrou do PSB para o partido em 2009, para tentar se eleger deputado federal.

Quarta sigla que mais mandou recursos para o Grande ABC, o PV privilegiou os dirigentes partidários. "Eles dedicam mais tempo para construir o partido do que as próprias campanhas. É uma forma de compensá-los", justificou o presidente estadual, Maurício Brusadin.

Por isso, os R$ 120 mil repassados para a região foram para a campanhas da secretária Nacional de Assuntos Jurídicos, Vera Motta, candidata a federal, e da ex-presidente estadual, vereadora de Diadema Regina Gonçalves, que tenta vaga na Assembleia.




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