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Assédio moral no ambiente de trabalho

Continuando a comentar sobre os transtornos que nos afligem no ambiente de trabalho, gostaria de dar atenção especial a um problema que tem ganhado

Cíntia Bortotto
02/08/2010 | 00:00
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Continuando a comentar sobre os transtornos que nos afligem no ambiente de trabalho, gostaria de dar atenção especial a um problema que tem ganhado bastante destaque nos últimos anos: o assédio moral. De acordo com estudos e entrevistas, estima-se que cerca de 25% dos brasileiros são ou já tenham sido vítimas deste distúrbio. Além disso, projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional propõe fazer com que as vítimas de assédio moral tenham os mesmos diretos que aquelas que sofreram acidentes de trabalho.

Constrangimento, coação, humilhação. O assédio moral é um dos piores males do ambiente de trabalho, comumente chamado também de tortura psicológica. De acordo com a estudiosa francesa Marie-France Hirigoyen, psiquiatra e psicanalista referência neste assunto, assédio moral é toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, escritos, comportamento, atitude) que, intencional e frequentemente, fira a dignidade e a integridade física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.

Nosso cotidiano corporativo nos impõe um ritmo cada vez mais acelerado e competitivo e a pressão da chefia por resultados às vezes acaba não sendo feita de forma adequada. E, às vezes, estas situações não são percebidas pelas vítimas como uma atitude de violência, e elas se tornam cúmplices de seu próprio sofrimento.

Esta prática possui alto potencial destrutivo, provocando danos à identidade e dignidade das pessoas, além de sérios distúrbios mentais e psíquicos. Outros problemas também são frequentemente relatados pelos pacientes, como estresse, hipertensão, ganho de peso, crises de choro, insônia, palpitações e perda de memória. Nesses casos, mais da metade das vítimas acabam entrando em depressão. A auto-estima cai e a pessoa se sente cada vez mais usada, suja, humilhada.

Baseada na literatura disponível sobre este assunto, podemos perceber que as atitudes de quem pratica assédio moral acontecem para forçar o trabalhador a pedir demissão por conta própria. O comportamento também pode ser involuntário como, por exemplo, quando o chefe tem alguma insegurança, intolerâncias ou algum complexo e acaba descontando no subordinado. Às vezes esses chefes são super pais, excelentes maridos e esposas, mas acabam por se tornarem verdadeiros carrascos no ambiente de trabalho e, em muitas ocasiões, também precisam de ajuda. Em ambos os casos, a equipe de recursos humanos deve interagir para verificar a melhor forma de resolver o problema. Processos trabalhistas envolvendo assédio moral podem manchar as marcas de grandes companhias e é papel do RH proteger tanto o funcionário que está sendo assediado, quanto a própria imagem da empresa.

Questão judicial

O fato é que este tipo de abuso pode chegar à Justiça. No Brasil, nos últimos dez anos, o debate sobre o assédio moral tem ganhado fôlego e aparecido constantemente nos tribunais. Foram criadas, inclusive, diversas leis municipais, estaduais e até federais tratando do tema.

Para entrar com algum tipo de processo, é preciso ter provas que, nem sempre são tão fáceis de serem obtidas. Relatórios, e-mails e colegas que queiram testemunhar podem ser válidos diante do juiz.

Faça o teste

Preste atenção se seu chefe...

* Agride você

* Atribui a você erros inexistentes

* Pede tarefas falsamente urgentes

* Tenta lhe induzir a pedir demissão

* Dá explicações confusas

* Dificulta o andamento do seu trabalho

* Ignora o que você diz

* Não lhe passa as tarefas que deveria

* Retira seus instrumentos de trabalho

* Fala mal de você a terceiros

* Isola você dos seus colegas

* Pede trabalhos que requerem muito menos do que o cargo que você ocupa

* Impõe horários malucos

Se estas situações costumam acontecer de forma reincidente, você pode estar sendo vítima de assédio moral.

Como resolver pacificamente

Procure um profissional da área de recursos humanos para explicitar o que está acontecendo. Busque ser discreto. Converse com ele e peça que avalie a situação. Em caso de impossibilidade de solução, peça remanejamento de área. Se você perceber que nada pode dar certo, comece a sinalizar uma busca por nova oportunidade. Nunca se esqueça de pedir apoio à sua família e amigos. Eles são fundamentais na recuperação de sua auto-estima. Procurar ajuda psicológica também é uma boa pedida.

Não se acanhe e tente sempre buscar o que é melhor para você. Siga confiante e boa sorte!




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