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Diretor da OMC inicia maratona para concluir a Rodada de Doha
Do Diário OnLine
Com Agências
07/07/2006 | 14:18
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O diretor da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, tem menos de um mês para atingir meta quase impossível: fechar um acordo para finalizar com sucesso a Rodada de Doha de liberalização do comércio mundial, há cinco anos em pauta.

Os 150 países membros da OMC encerraram, sábado passado, em Genebra, mais uma série fracassada de reuniões para tentar reduzir as tarifas agrícolas e industriais e eliminar as subvenções domésticas à agricultura.

Com isto, o diretor da OMC recebeu a missão de todos os membros de fazer todo o possível para finalizar as discussões em julho e fechar a Rodada em dezembro.

"O tempo não está a nosso favor", reconheceu Lamy quinta-feira em Tóquio. "Se os membros da OMC são sérios em sua vontade de instaurar um sistema comercial mais justo e pertinente, não há outra solução senão avançar agora", resumiu.

"Cada um dos grandes países envolvidos deve oferecer mais. Isto vale para os Estados Unidos, o Brasil, a União Européia, o Japão e a Índia", frisou Lamy, nomeando o Grupos dos Seis (G-6).

Com uma visita ao Japão, Lamy iniciou uma quinzena em que deve obter um acordo entre os seis atores principais, para em seguida ampliá-lo aos demais membros da organização, para então convocar o encontro do fim do mês.

Se não obtiver compromissos, a OMC deve realizar um encontro de líderes mundiais para desbloquear as negociações, à margem da Cúpula do G-8 em São Petersburgo, na Rússia, de 15 a 17 de julho.

A urgência de se chegar a um acordo neste mês está marcada por múltiplos fracassos dos últimos quatro anos: Seattle em 1999, Cancun em 2003, Hong Kong em 2005, e em abril deste ano, reunião adiada para este mês e realizada no fim de semana passado.

Ainda não foram fechados os acordos sobre os dois pontos principais, que Lamy tem agora nas mãos, mas a UE deu um passo em favor dos países emergentes liderados por Brasil e Índia.

O segredo está em fazer com que os EUA reduzam consideravelmente suas ajudas aos agricultores, que a UE e outros países ricos diminuam suas tarifas aplicadas aos produtos agrícolas e que os países emergentes e pobres liberem seus mercados para os produtos industrializados.

Assim, os países em desenvolvimento poderiam exportar mais seus produtos agrícolas, onde são mais fortes, e os ricos, vender mais bens industriais. Além disso, a eliminação das subvenções americanas ajudaria as exportações dos países em desenvolvimento a serem mais competitivas.

Washington parece reticente e a UE ampliou sua proposta semana passada, embora a França e outros países mediterrâneos continuem tendo posturas altamente protecionistas.

Para a Rodada de Doha não fracassar, o prazo de julho deve ser cumprido, porque ano que vem vence o mandato do presidente dos Estados Unidos para negociar acordos comerciais diretamente com seus sócios.

Além disso, as negociações precisam ser concluídas antes das eleições brasileiras, em outubro, antes das legislativas americanas de novembro e das francesas na primavera (boreal) de 2007.




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