Diante de uma multidão reunida na frente do Palácio Miraflores, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, proclamou sua vitória eleitoral e atacou os Estados Unidos, no domingo, após a divulgação do primeiro boletim oficial parcial, dando-lhe uma ampla vantagem sobre o adversário, Manuel Rosales.

"Está tudo consumado, a grande vitória da Revolução Bolivariana", exclamou o presidente, de braços erguidos, em inflamado discurso aos seus seguidores, que comemoravam a reeleição junto com o líder, debaixo de uma chuva torrencial em Caracas.

Segundo ele, sua reeleição "é outra derrota para o diabo que pretende dominar o mundo", em referência ao presidente americano, George W. Bush.

Chávez, que se projeta como herdeiro do presidente de Cuba, Fidel Castro, garantiu que "a Venezuela nunca será colônia americana nem de ninguém". Ao mesmo tempo, enviou "ao povo americano nossas saudações e nossa solidariedade".

Ele aproveitou para dedicar sua vitória "também ao povo cubano e ao presidente Fidel Castro" e contou já ter recebido telefonemas de felicitações do presidente argentino, Néstor Kirchner, e de sua mulher, assim como do presidente recém-eleito do Equador, Rafael Correa.

Pouco antes, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciou que Chávez derrotava com 61,35% dos votos o socialdemocrata Manuel Rosales, que aparecia com 38,39%, após a apuração de 78,31% das urnas.

Para os partidários, a maioria de camiseta vermelha e agitando bandeiras nacionais, Chávez afirmou que "o reino do socialismo é o reino do futuro venezuelano".

Com uma vantagem de 22,96 pontos, Chávez obtinha 5.936.141 votos contra 3.715.292 do governador de Zulia, informou a diretora do CNE, Tibisay Lucena, acrescentando que até agora foram apurados 9.811.333 votos.

Derrota - Manuel Rosales reconheceu sua derrota ainda na noite de domingo, declarando que "nos venceram hoje, mas continuaremos na luta".

"Muitos gostariam que eu mentisse, mas a verdade é que, mesmo com uma margem mais estreita (do que o percentual anunciado no primeiro boletim eleitoral oficial), nos venceram hoje, mas continuaremos na luta", prometeu Rosales, para apagar os gritos de "Fraude, fraude!" de seus seguidores.

"Em nome desses milhões de venezuelanos, agradeço a todo o povo por seu comportamento cívico, democrático, ativo, em toda a Venezuela", completou o líder opositor.

Repercussão - O triunfo eleitoral de Hugo Chávez na Venezuela acaba com as democracias "controladas e servis" na América Latina, afirmou nesta segunda-feira o presidente boliviano Evo Morales ao felicitar seu colega e aliado político por sua reeleição.

"Recebemos com alegria o triunfo de Hugo Chávez. Com sua reeleição, acabam as democracias controladas e servis, e quem ganha com o voto do povo é sempre bem-vindo", afirmou Morales em entrevista coletiva à imprensa.

O presidente Morales, o primeiro indígena a governar a Bolívia em seus 181 anos de história republicana, disse que o triunfo eleitoral de Chávez - com 61,8% dos votos, segundo dados oficiais - lhe dá a mesma alegria que as vitórias do nacionalista Rafael Correa no Equador e do ex-guerrilheiro sandinista Daniel Ortega na Nicarágua.

Morales disse que ligou para Chávez assim que ficou sabendo dos resultados da eleição venezuelana para felicitar seu aliado por sua vitória.

Chávez aproveitou a oportunidade para confirmar sua presença na Conferência Sul-Americana, que se realizará sexta-feira e sábado na cidade boliviana de Cochabamba.