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Região já tem 13,6 mil de volta às montadoras

Volkswagen retoma atividades na fábrica de São Bernardo com cerca de 4.000 trabalhadores

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
02/06/2020 | 00:18
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Divulgação


Com a retomada ontem de parte da produção da Volkswagen na fábrica da Anchieta, em São Bernardo, a região começa a sentir a volta da atividade industrial, mesmo que as automotivas ainda não estejam operando em plena capacidade – são cerca de 13,6 mil no chão de fábrica. A paralisação nas plantas industriais do Grande ABC começou em março por causa da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com a retomada, especialista e sindicatos ainda avaliam a situação com preocupação, já que, em meio a uma crise econômica mundial, a expectativa é que o setor automotivo enfrente um 2020 sem crescimento.

Para o retorno de um turno da produção da unidade localizada na Anchieta, a montadora alemã fez cerca de 80 adequações, entre elas a obrigatoriedade do uso de máscaras para os funcionários, a distância de 1,5 metro entre os colaboradores e a medição de temperatura antes da entrada. A empresa anunciou o lançamento do modelo Nivus, que é fabricado na unidade, na última semana. A planta também produz os modelos Polo, Virtus e Saveiro.

De acordo com o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), atualmente são 4.000 funcionários atuando na unidade, ou seja, quase metade do efetivo total, atualmente em 8.500. O restante ainda continua em licença ou em home office, no caso dos funcionários administrativos.

Levantamento do Diário mostra que aproximadamente 13,6 mil metalúrgicos já voltaram à ativa nas montadoras da região. A primeira a anunciar a retomada foi a Scania, em abril, seguida pela também fabricante de caminhões Mercedes-Benz, em maio. A GM (General Motors) retornou nas duas últimas semanas, em São Caetano. Já a Toyota, que mantém fábrica de componentes em São Bernardo, oficialmente retorna em junho.

Segundo o diretor executivo do SMABC, Wellington Messias Damasceno, mesmo com as medidas tomadas pelas empresas existe preocupação com a saúde do trabalhador. Além disso, ele afirmou que o segundo semestre deste ano deve ser de tempos difíceis na economia. “O setor de caminhões, ainda tem uma resposta um pouco mais rápida, mas para automóveis o cenário vai ser difícil”, disse. “As vendas para locadoras de veículos, que estavam sendo muito importantes, sofreram um baque e a maioria das pessoas físicas compra carro com financiamento. No entanto, com a atual situação de endividamento, deve demorar para voltar”, afirmou ele.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, contou que na GM a expectativa é de uma retomada do segundo turno já no dia 15. Mesmo assim, ele afirmou que é “um cenário incerto e depende dos próximos meses para ver se acontece alguma retomada mais forte.”

Para o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, 2020 é um ano perdido para a economia. “Eu vejo que a recuperação do segundo semestre não será suficiente para a recuperação de tudo o que já foi perdido.”


Venda de veículos cai 74,7% em maio, pior resultado para o mês em 28 anos

O mercado de veículos novos continuou em franca desaceleração em maio, com queda de 74,7% das vendas na comparação com o mesmo mês de 2019. Entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus foram licenciadas 62 mil unidades, segundo dados preliminares do mercado. É o pior resultado para meses de maio em 28 anos.

O percentual de queda no comparativo anual é próximo ao registrado em abril (primeiro mês completo de medidas restritivas em razão da crise do coronavírus), que foi 76% inferior ao de abril de 2019.

Já na passagem de abril deste ano para maio o setor apresentou melhora de 11,3%. No acumulado dos cinco meses do ano as vendas somam 613,8 mil veículos, queda de 37,7% ante o mesmo período de 2019, quando o mercado tinha ultrapassado a marca de 1 milhão de unidades vendidas.

Paulo Cardamone, presidente da Bright Consulting, avalia que há pequenos sinais de melhora no mercado, puxado em parte pelas condições oferecidas pelas empresas (de pagamento de prestações só em 2021, por exemplo), e da reabertura de revendas em vários Estados. Também há carros vendidos nos dois últimos meses que, segundo ele, não foram licenciados em razão da suspensão de atividades de Detrans em várias localidades.

Para ele, os resultados deste mês deverão dar ideia melhor do mercado. “Estamos prevendo vendas perto de 100 mil automóveis e comerciais leves, metade do que era registrado antes da pandemia, mas melhor do que abril e maio.”

Em maio, a GM manteve a liderança em vendas, com quase 10 mil unidades, enquanto Volkswagen e Fiat empataram em segundo, com quase 8.800 cada. 




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