A Fundação Augusto Pinochet revelará nos próximos dias um testamento político elaborado de punho pelo ex-ditador chileno, que morreu há onze dias.

O texto permanecia guardado nas dependências da fundação - que resguarda o legado do ex-general - e, nesta quarta, o envelope lacrado foi aberto pelo presidente da entidade, Hernán Guiloff.

O conteúdo será revelado nos próximos dias e, segundo as pessoas que tiveram acesso ao texto, se trata de "uma importante análise de sua trajetória política e militar".

Durante sua última entrevista televisada, em novembro de 2003, Pinochet antecipou que preparava um testamento político em que daria sua versão sobre as circunstâncias em que tomou o poder em 11 de setembro de 1973, e os 17 anos que durou seu governo, que deixou um saldo de mais de três mil vítimas.

Não quero que as pessoas num futuro pensem mal, mas que saibam a verdade. Se alguém vai morrer, não deixa mentiras", assinalou Pinochet, nessa entrevista ao canal 22 de Miami.

Pinochet também concedeu uma entrevista em maio de 1999 sob a condição de que só fosse publicada depois de sua morte, e que foi revelada pelo jornal La Tercera, domingo passado, uma semana depois da morte do ditador.

Nela, o ex-ditador assegurou que ‘jamais’ ordenou os assassinatos, torturas e violações aos direitos humanos cometidas pelos militares e agentes de seu regime.

"Jamais dei uma ordem desse tipo. Pedi que não se apertasse nenhuma pessoa detida", afirmou Pinochet nessa conversa registrada por três ex-colaboradores e a historiadora Patricia Arancibia Clavelquando.