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Meditação na infância

Técnicas ajudam na concentração e são aliadas para melhorar o desempenho dos alunos em sala de aula

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
02/09/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Concentração, autocontrole, relaxamento e, principalmente, autoconhecimento são alguns dos aspectos que viabilizam o aprendizado e o desenvolvimento humano. Estes pontos são trabalhados por meio da meditação e, quando estimulados na infância, contribuem na compreensão em sala de aula.

Segundo Karla Christina Silva de Oliveira, instrutora e coordenadora da Ageacac (Associação Gnóstica de Estudos Antropológicos e Culturais, Arte e Ciências), a prática de meditação desde a infância permite que as crianças conheçam a si mesmas e melhorem o relacionamento com os colegas. “Elas começam a perceber quando estão erradas e, assim, conseguem bloquear a agressividade, criando uma cultura de paz na escola”, comenta. 

Há dois anos, a profissional ministra aulas de meditação em projeto-piloto na Emeb (Escola Municipal de Ensino Básico) José Rodrigues Pinto, na Vila Nogueira, em Diadema. Todas as quintas-feiras, a turma se reúne no contraturno por 45 minutos. Na primeira parte, a instrutora realiza atividades lúdicas com o objetivo de instigar os estudantes a refletirem sobre valores, como justiça, solidariedade e cooperação. Para encerrar, todos meditam por, aproximadamente, 15 minutos.

A auxiliar de produção Claudiana da Silva Sobrinho, 33, relata que a filha, Maria Eduarda, 8, mudou o comportamento em apenas dois meses de prática. “Ela era muito ativa e já está mais calma, obediente e escuta melhor o que nós dizemos. Isso com certeza está melhorando o desenvolvimento dela”, afirma. “Gosto muito de estar aqui (na aula de meditação) e me sinto bem mais concentrada e calma depois das aulas”, endossa a menina.

Mãe de Mayra, 7, a empregada doméstica Maria Aparecida Gonçalves, 40, conta que a garota também faz parte da turma há dois meses e, desde então, está mais interessada pela escola. “Além disso, ela presta mais atenção ao falar, o que melhorou seu jeito de modo geral”, relata. A menina, por sua vez, destaca que as aulas são uma oportunidade para relaxar e fazer novos amigos na escola.

“Desde que minha filha começou a praticar meditação, em 2017, ela está mais esforçada e focada nos estudos”, compartilha Eliana Aparecida, 45, dona de casa. “Gosto muito das aulas porque me sinto melhor com elas. Quero meditar toda minha vida”, complementa a filha Anna Clara, 8.

Já a vigilante Francisca Joelma Nicolau, 43, explica que o filho Renan, 6, sempre foi uma criança calma. “Ele começou a frequentar as aulas há dois meses porque outros colegas já participavam, mas percebo que está bem mais concentrado desde o início. É um aprendizado muito bom para a vida dele”, assegura. Para o menino, as aulas são uma oportunidade para “relaxar e respirar fundo”.

Práticas são pensadas para prender a atenção das crianças

Karla Christina Silva de Oliveira, instrutora e coordenadora da Ageacac, destaca que é necessário pensar em cada etapa para que as crianças mantenham o foco. Exemplo é quando a professora solicita que a turma sente em ‘pernas de índio’, feche os olhos e fique em silêncio, fazendo a ‘respiração da sopa’ – inspirar pelo nariz e expirar pela boca lentamente. Em seguida, as crianças devem contar quantas vezes o sino toca em três minutos, promovendo a concentração.

“Neste momento, a atividade não pode durar mais que três minutos porque os alunos acabam dispersando”, explica Karla. Outro ponto trabalhado é a união, dado que tem um momento dedicado apenas a dizer que um pode contar com o outro.

Caroline Rocha, presidente do Fundo Social de Solidariedade, responsável pela implementação do projeto, afirma que quanto mais cedo as pessoas começarem a praticar, maiores serão os benefícios. “Precisamos quebrar o estigma de que a meditação é ligada à religião”, completa.

Em Diadema, além da Emeb José Rodrigues Pinto, na Vila Nogueira, a iniciativa também está presente na Emeb José Martins, no Eldorado. Por meio da formação de multiplicadores, o objetivo é chegar a 63 escolas. Na região, não há outras unidades municipais que tenham aulas de meditação.




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