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Racha entre Michels é mais um entre famílias

Briga entre Lauro e Marcos Michels, em Diadema, repete histórico de conflito entre clãs na região

Junior Carvalho
17/06/2018 | 07:00
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DGABC


 A presença de integrantes de uma mesma família na política é comum. No Grande ABC, não é diferente. É algo frequente filhos seguirem os mesmos passos dos pais e apostarem em carreira política na região, assim como é costumeiro irmãos dividirem o eleitorado numa mesma cidade, na disputa de uma mesma vaga. São vários os exemplos de casos nas sete cidades. Mas também são vários os episódios em que os próprios parentes se distanciam politicamente ao longo dos anos e, em algumas ocasiões, viram até adversários nas urnas. Em Diadema, o cenário se desenha nesse caminho para a família Michels, que voltou ao poder na cidade após hiato de 30 anos.

Chefe do Paço diademense, Lauro Michels (PV) e seu primo, o presidente da Câmara diademense, Marcos Michels (PSB), protagonizam o início de um racha por conta de divergências na eleição de outubro. Enquanto Lauro anuncia pelos quatro cantos que apoiará exclusivamente seu vice, Márcio da Farmácia (Podemos), na disputa a deputado estadual neste ano, Marcos costura há mais de ano concorrer vaga na Assembleia Legislativa. Até poucos meses atrás, o socialista ainda vinha tentando convencer o governo do primo a apoiá-lo, mas tirou o pé depois que comissionados indicados por ele começaram a ser demitidos do governo. Nos últimos dias, houve reaproximação e possibilidade de encerramento do projeto de Marcos, mas o martelo não foi batido e, oficialmente, a pré-candidatura está mantida.

Marcos e Lauro são herdeiros políticos do ex-prefeito Lauro Michels (morto em 1991), que governou Diadema por dois mandatos – entre 1964 e 1969 e entre 1977 e 1982. Filho do guerrilheiro de esquerda Clóvis Michels, o hoje presidente da Câmara é neto do primeiro Lauro Michels, enquanto que o prefeito homônimo é sobrinho-neto – filho de Ademar Michels (morto em 2009), sobrinho de Michels. O primeiro a entrar na política foi justamente Lauro, ao se eleger vereador em 2004, pelas mãos do pai, que tinha sido assessor no governo do tio. Até a vitória do verde na disputa pelo Paço, em 2012, Marcos era assessor de gabinete de Lauro na Câmara. Na Prefeitura, foi secretário de Educação e até chefe de Gabinete no governo do primo. Assim como Lauro e Marcos, em Diadema, outras figuras de um mesmo sobrenome na região também entraram em conflitos políticos.

Em São Caetano, os Tortorello caminharam por muitos anos em campos opostos. Então prefeito, Luiz Olinto Tortorello (morto em 2005) viu o irmão Jayme Tortorello seguir outra trincheira ao fazer carreira política no PT – foi o prefeiturável do partido em 2008, mas ficou em segundo lugar. Além disso, após a morte do ex-prefeito a família nunca mais conseguiu voltar ao comando do Palácio da Cerâmica. De lá para cá, o único que conquistou espaço foi um dos filhos do ex-chefe do Paço Marquinho Tortorello, que foi deputado estadual por três mandatos. Já Luizinho Tortorello, primogênito do ex-prefeito, sequer conquistou cargo eletivo. Outro irmão de Luiz Tortorello, Pádua Tortorello chegou a ocupar cargos comissionados na gestão passada, mas atualmente amarga o ostracismo.

Em Mauá, os irmãos Diniz (PSB)e Manoel Lopes (DEM) chegaram a exercer mandatos de vereador juntos, entre 2005 e 2008. Nesse ínterim, Diniz chegou a governar interinamente a cidade por alguns meses, com o irmão de parlamentar. Nos dias atuais, ambos são distantes politicamente. No pleito de 2016, os irmãos Lopes voltaram a disputar vaga na Câmara, mas apenas Manoel saiu vitorioso.

Outro caso semelhante de diferenças políticas entre irmãos foi registrada em Rio Grande da Serra. Prefeito do município entre 1977 e 1982, Aarão Teixeira nunca escondeu os atritos com o irmão José Teixeira, também prefeito de Rio Grande, entre 1993 e 1996. As diferenças ficaram explícitas em dois pleitos no município. Em 1998, a cidade realizou uma eleição suplementar devido à morte dos prefeitos Cido Franco e José Carlos Arruda. No pleito daquele ano, Aarão foi adversário de outro irmão, Adler Kiko Teixeira (então no PSDB, hoje PSB) – a disputa foi vencida por Danilo Franco (PTB, morto em 2001). Em 2000, Aarão foi vice na chapa de Silvio Sabainski (PV), enquanto que José encabeçava candidatura própria – ambos foram derrotados por Ramon Velasquez (PT).




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