Política Titulo 60 anos em 60 entrevistas
‘Nascemos com foco nos metalúrgicos’
Juliana Bontorim
06/05/2018 | 07:00
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Divulgação


A empresa foi fundada com pensamento audacioso. No auge das montadoras no Grande ABC, os metalúrgicos foram o pontapé para o direcionamento de meta. Afinal, todos queriam este público-alvo, consumidor ativo e em ebulição na região. A partir disso, a CVC toma proporções grandiosas e ramifica sua atuação. Nesta entrevista especial dos 60 anos do Diário, o empresário Guilherme de Jesus Paulus, fundador da marca andreense, ao lado de Carlos Vicente Cerchiari, ressalta o passado e salienta a importância do setor do turismo, principalmente, no Brasil e nas sete cidades.


Guilherme de Jesus Paulus e o Diário

Empresário brasileiro de espírito empreendedor, seu primeiro emprego como agente de viagem foi em 1971, na Casa Faro Turismo. Casado, 68 anos, é nascido em São Paulo. Formado em Administração de Empresas, Guilherme Paulus teve contato com o Diário quando fundou a CVC, sendo a operadora uma das principais anunciantes do jornal desde o início das atividades em Santo André. O empresário sempre se considerou um entusiasta da publicidade impressa, além de leitor assíduo das notícias da região, diariamente, pelas páginas do Diário.


Falar de turismo no Brasil parece estar ligado com o nome desta empresa. Mas a história está quase completando 50 anos e o berço foi o Grande ABC. Conte como nasceu esta abreviação tão conhecida.
A CVC nasceu em 1972 em Santo André, na Rua Cesário Motta, 468, quando eu e meu primeiro sócio, Carlos Vicente Cerchiari (a sigla CVC provém das iniciais do nome dele), fundamos a empresa com o foco inicial na classe dos metalúrgicos do Grande ABC, oferecendo pacotes rodoviários de um dia e, depois, ao longo dos anos, para diferentes classes de trabalhadores para diversas partes do mundo.

Qual o grande diferencial de uma empresa nascida no Grande ABC? A região propicia que o investidor tenha mais facilidade para crescimento?
O Grande ABC é uma das regiões mais ricas da Grande São Paulo. Além dos impostos serem menores dos que os aplicados na Capital, abriga empresas importantes e a população é, em sua maioria, composta pela classe média brasileira. Outro ponto importante é que o Grande ABC é praticamente uma extensão de São Paulo e se beneficia dessa ligação natural com a maior cidade brasileira.

A empresa já vivenciou crises e bonanças brasileiras. Diversos governos diferentes, tanto regionais quanto nacionais. Qual o cenário neste momento para a marca?
A CVC, hoje CVC Brasil SA, opera no mercado brasileiro há quase 46 anos e, ao longo de sua história, já realizou o sonho de mais de 30 milhões de brasileiros, em viagens nacionais e internacionais, tornando-se a maior operadora de viagens das Américas e a líder na preferência do consumidor brasileiro. Presente nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal, hoje a CVC Brasil possui a maior rede de distribuição de produtos turísticos do varejo local, com mais de 1.200 agências exclusivas franqueadas e 6.500 agências de viagens multimarcas credenciadas. Possui, ainda, um canal de internet que recebe, em média, 4,5 milhões de visitas a a cada mês.

Existem alguns roteiros que estão interligados com a história da empresa. Qual foi o destino que consagrou a CVC?
Porto Seguro. Há mais de dez anos segue liderando as primeiras posições do ranking de destino da operadora. Vale a pena mencionar também Gramado, no Sul do País. Colaboramos com o desenvolvimento do Natal Luz, um dos melhores espetáculos de rua do Brasil, com diversas atrações que são um grande sucesso. Também encabeçamos a evolução do aeroporto de Jericoacoara, no Ceará.

Tem algum novo local que o senhor está de olho?
Sobre destino descoberto podemos falar de Dubai. A convenção de vendas da CVC deste ano foi realizada neste itinerário. É uma porta de entrada dos brasileiros na Ásia.

A empresa passou a somar outros tipos de trabalhos, correto? Quais seriam? Em termos de números, o que representam para a corporação?
A CVC Brasil integra o Grupo CVC Corp, que, somando as operações da Submarino Viagens (turismo on-line), RexturAdvance (corporativo), Experimento Intercâmbio Cultural (viagens de educação internacional), Visual Turismo (empresa de turismo de atendimento ao agente de viagens) e o Grupo Trend (consolidadora do mercado corporativo) movimentaram aproximadamente R$ 10 bilhões em reservas confirmadas.

O turismo tem se consolidado como forte atuante na economia do País. Como o senhor vislumbra o panorama atual no Brasil?
As perspectivas são as melhores em um País de clima tropical, onde não há guerras, terremotos, tsunamis, ou seja, somos privilegiados e abençoados. Isso é raro em outras partes do mundo e nós aproveitamos muito pouco disso. Faltam investimentos da área pública.

Como poderia ser feito? Quais exemplos podem ser seguidos para que o Brasil esteja atualizado nesta questão?
O empresário não pode investir sozinho, pois depende de políticas, de importantes mudanças em leis para o turismo avançar ainda mais. A França, por exemplo, atrai quase 85 milhões de visitantes por ano – 14 vezes mais do que o Brasil, que recebe pouco mais de 6 milhões de turistas anuais. Nossos números são muito baixos exatamente por falta de investimento público em órgãos que fomentem o turismo não só no Brasil, mas no Exterior. É preciso investimento alto em publicidade e em facilitação de obtenção de vistos por parte dos estrangeiros, como vem sendo feito pelo Ministério do Turismo. Essa é a chave para o sucesso e atração de turistas internacionais para o nosso País. O turismo representa 10% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial em impacto direto. Além disso, um em cada 11 empregos criados no mundo tem ligação setorial, segundo a OMT (Organização Mundial de Turismo).

Atualmente, nota-se grande ascensão em termos de realização de eventos, por exemplo, como feiras, shows e exposições, que acabam movimentando diversos setores, entre eles, gastronomia e hotelaria. Esta questão é observada também por aqui?
No Brasil, são cerca de R$ 400 bilhões movimentados anualmente. O segmento Mice (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions), ou turismo de negócios, também acelera a nossa economia. A cada ano são realizadas 400 mil conferências e exposições em todo o mundo, gerando um montante de US$ 280 bilhões, e só no Brasil a indústria Mice atrai R$ 67 bilhões por ano. Somente no Brasil, são mais de 250 mil empregos criados no País anualmente.

O Grande ABC tem apresentado vários tipos de trabalho seguindo a via do turismo. Atualmente são em torno de 17 hotéis. Como o senhor avalia o setor no Grande ABC?
O turismo no Grande ABC ainda é pouco explorado pelos moradores da região e da própria Capital paulista. O distrito de Paranapiacaba, por exemplo, que fica em Santo André, e contém uma antiga vila inglesa cercada pela Serra do Mar e reduto de cachoeiras e trilhas, ainda é desconhecido pelos moradores da cidade e da região. A falta de divulgação maior e, por consequência, interesse da população faz com que o destino passe despercebido.

Como um grande conglomerado, é importante desempenhar atividades beneméritas. Quais são os programas sociais oferecidos pela empresa nesta área?
Por meio de leis de incentivos fiscais, a CVC apoia inúmeros projetos sociais que atuam no Grande ABC, tais como o Projeto Locomotiva, que leva conhecimento de música clássica aos jovens em situação de vulnerabilidade social da região; Apae de Santo André, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual; além do Dr. Klaide, entidade que beneficia idosos, crianças e adolescentes e o entorno, promovendo série de atividades lúdicas, que auxiliam diretamente os atendidos.

O senhor, como empresário, se mantém neste mercado de forma atuante. Inova-se a cada dia. Como segue com esta atuação?
Trabalhar com turismo é algo fascinante. Todos, sem exceção, precisam de um momento de lazer e descanso, ou seja, já está na cesta de consumo do brasileiro e não é mais considerado algo supérfluo. Cada dia descobrimos novos destinos, novas formas de encantar o hóspede, de trazer mais atrativos e diversidade de serviços. Esse é o segredo.

Dentro de sua estratégia de perpetuar a marca CVC, associou-se em dezembro de 2009 a um dos maiores fundos de private equity do mundo, o norte-americano Carlyle Group. Após isso, passou a se dedicar à empresa GJP. Mantendo tradição com siglas, usando as primeiras letras do seu nome. Como foi a ideia de criar esta marca?
Sobre a criação da GJP, foi algo que surgiu naturalmente. Sempre fui hoteleiro. Embora tenha criado a rede GJP com as devidas bandeiras somente em 2005, sempre tive hotel. O Wish Serrano, em Gramado, Rio Grande do Sul, foi o primeiro empreendimento. Adquirimos a estrutura em 1995, ou seja, tem mais de 20 anos. É um produto muito especial, detentor de diversos prêmios do setor, como o melhor hotel de montanha do Brasil. A partir dele, fomos possuindo outras unidades em todo o Brasil. Hoje já são 15 hotéis e resorts em diversos Estados.

Com esta empresa, o senhor também faz projetos sociais? Existe como missão?
A GJP também apoia algumas iniciativas bem interessantes em regiões onde temos hotéis, como o Trilha Jovem, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Diversos alunos que se formam nesta atividade são automaticamente selecionados, indicados e contratados para o nosso hotel em vagas nas áreas de A&B, hospedagem e atendimento ao cliente. Temos ainda o projeto Chef por Um Dia, que prevê anualmente a venda dos livros de receitas dos convidados, que são comercializados e a renda é toda revertida a entidades assistenciais das cidades onde temos hotéis.

O Diário está para comemorar 60 anos. Serão celebrados dia 11 de maio. Desde a criação da CVC, o jornal acompanhou seus passos. Inclusive, quando mudaram do primeiro endereço para o atual, na Rua das Figueiras, ainda em Santo André. O relacionamento com o jornalismo impresso sempre existiu. Como o senhor vê isso?
Durante esses 46 anos da CVC, sempre tivemos um ótimo relacionamento com os veículos de comunicação, em especial o jornalismo impresso. Nosso trabalho sempre foi pautado com muito respeito e carinho pela mídia. Até hoje a CVC é presença constante nos grandes jornais do País como anunciante principal dos cadernos de Turismo. A família brasileira ainda tem o hábito de escolher o destino de férias pela atratividade de ofertas que vê nos jornais.

A coluna Social do Diário trouxe diversas inaugurações da empresa, bem como salientou os investimentos da marca. Como avalia a coluna Social enquanto divulgadora dos eventos da região?
Sem dúvida, o papel do colunismo social é entreter os leitores de uma forma leve e informativa. O espaço social é uma forma de acompanhar os nomes e fatos de destaque de personalidades da região, artistas, políticos e grandes formadores de opinião.  




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