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PF nomeia delegado para investigar morte de juiz
Do Diário do Grande ABC
05/01/2000 | 14:10
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O diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, designou nesta quarta-feira o delegado de Mato Grosso, Emanuel Henrique Balduíno de Oliveira, para presidir o novo inquérito que vai apurar as circunstâncias da morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral, assassinado em setembro do ano passado no Paraguai. No primeiro inquérito o delegado paulista José Pinto de Luna sustenta que nao houve mandante para o crime do juiz que fez denúncias contra 16 dos 20 desembargadores do Tribunal de Justiça por venda de sentença, nepotismo, assédio sexual e envolvimento com o narcotráfico.

O novo inquérito atende o pedido do Ministério Público Federal e Justiça Federal que nao concordaram com o relatório apresentado pela PF em dezembro do ano passado. "Há pontos no relatório que discordamos e por isso pedimos novas investigaçoes", afirmou o procurador da República em Mato Grosso, José Pedro de Taques.

As novas investigaçoes começam esta quinta-feira e devem ser concluídas em 30 dias, prazo que poderá ser prorrogado. O delegado vai apurar a denúncia feita pela escrevente Beatriz Arias - indiciada como co-autora no assassinado -, segundo a qual os mandantes do crime seriam um desembargador e um empresário. A denúncia provocou a reabertura do caso.

Além dos supostos mandantes, um dos motivos que fizeram a Procuradoria-Geral da República pedir a retomada das investigaçoes foram os depoimentos tomados no Paraguai, no qual testemunhas afirmam ter visto duas caminhonetes - e nao somente a S-10 do juiz - no dia do crime na regiao de Concepción, onde o corpo foi encontrado.

Ameaças - Em funçao das novas denúncias, o delegado civil Joao Bosco de Barros, titular da Delegacia do Complexo do CPA, que preside o inquérito sobre crime de peculato (desvio de cerca R$ 1,5 milhao da 2a Vara de Família e Sucessoes de Cuiabá) que teria sido praticado pelo juiz, está sendo ameaçado de morte em funçao das suas investigaçoes que contribuíram para a reabertura do inquérito na Polícia Federal.

As ameaças foram feitas no final de semana quando pessoas nao identificadas ligaram para a residência do delegado e de seus familiares ameaçando-o de morte. Em algumas ligaçoes, a pessoa nao identificada pediu para que o delegado se afastasse do caso. "A Polícia nao pode se intimidar, pois temos que fazer o nosso trabalho neste e em outros casos", disse o delegado Joao Bosco, esclarecendo que investiga apenas o crime de peculato e nao a morte do juiz.

Por recomendaçao da Secretaria de Segurança Pública, o delegado está usando colete à prova de bala e recebendo proteçao policial. As ameaças ao delegado começaram depois que o filho do juiz, Leopoldo Gattais, prestou depoimento revelando o nome de um desembargador e um empresário de ser o mandante do assassinato. Quem sustenta as acusaçoes é Beatriz Arias. Ela teria dito a Leopoldo quem foram os mandantes da morte de seu pai.

Também ameaçado de morte há uma semana quando a sua casa no Jardim Brasil, na periferia de Cuiabá, começou a ser rondada por pistoleiros, Leopoldo está sob proteçao policial. Ele está viajando para outro Estado por recomendaçao da Polícia.




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