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Michael Sullivan volta às origens, como cantor
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
30/11/2003 | 18:45
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Os números até hoje impressionam. Foram mais de 60 milhões de discos vendidos como compositor, músicas suas em trilhas sonoras de 50 novelas diferentes e um acervo com cerca de 1.200 canções, das quais pelo menos um quarto virou sucesso. O dono desses feitos é Michael Sullivan, que junto com Paulo Massadas foi apontado como o rei Midas do mercado fonográfico nos anos 80. Agora, ele está de volta. Mas como cantor. Seu disco Duetos (Polydisc, R$ 20 em média) é o marco dessa nova fase, e também a forma que escolheu para celebrar 35 anos de carreira.

Se a fisionomia a princípio pode parecer desconhecida, ou se o nome pode não remeter imediatamente a suas canções, uns poucos exemplos bastam para que o leitor se situe. São da dupla sucessos como Um Dia de Domingo, Me Dê Motivo, Lua de Cristal, Talismã e Deslizes. Todos eles estão presentes no novo disco.

O sucesso foi tanto que Massadas poderia viver só de seus direitos autorais, não tivesse ele quatro filhos e um neto. A dupla se separou em 1994, a pedido do segundo. Sullivan jura que não brigaram, mas desde então nunca mais tiveram contato direto.

Mas o Sullivan que no começo foi endeusado, agora retoma seu caminho com a vulnerabilidade de qualquer mortal. Na volta dos Estados Unidos, onde morou de 1993 a 1998, o compositor encontrou um cenário bem diferente do que o que o acolheu naqueles eufóricos anos 80. “O mercado estava segmentado, com núcleos de axé, sertanejo, forró, pagode e seus profissionais definidos. Consegui poucos trabalhos”.

Optar pela volta como cantor não seria uma escolha confortável. Antes de se tornar o compositor famoso, Sullivan gravou dois discos solo, que foram um fiasco de vendas. “Aquilo me inibiu como cantor. Fiquei chateado”, afirma.

Trilhar novamente o caminho de compositor da MPB também era pouco seguro. Embora ele e o publicitário Massadas tivessem estourado a partir da música Me Dê Motivo (1984), o saldo do sucesso foi a imagem arranhada e uma certa mágoa com a imprensa e com alguns nomes da MPB.

“No início, as críticas foram maravilhosas. Mas passados três anos, as ofensas se tornam pessoais. Foi uma agonia”, diz. Alguns afirmavam que medalhões da MPB eram obrigados a gravar músicas da dupla.

Para piorar, Sullivan e Massadas foram tachados de brega, rótulo que ele nega até hoje. “Éramos compositores sem pedigree, viemos da poeira. No início, tudo o que é do chão agrada. Se a gente tivesse gravado três ou quatro sucessos, estaríamos na história da MPB. Mas se virou fórmula, crítico não gosta. Só que se vende é porque o público gosta”.

É nesse gosto popular que aposta Sullivan no disco Duetos. É tudo pra lá de palatável. Mas Sullivan está otimista: “Este CD vai durar até o Natal do ano que vem”.




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