O Água Santa conquistou três acessos seguidos e teve ascensão meteórica no futebol paulista. Nas campanhas, mudavam-se os jogadores, mas uma constante permanecia – o técnico Márcio Ribeiro. Agora não mais. Ontem, o treinador que deu fama ao pequeno clube de Diadema foi demitido após três anos e meio de trabalho pela sequência de maus resultados na elite – a gota d’água foi a goleada por 4 a 0 sofrida diante do Novorizontino, que culminou na entrada da equipe na zona de rebaixamento.

“Faltam quatro jogos, vamos ver se chacoalha o elenco para voltar a vencer e sair dessa situação. Foi uma conversa com muita amizade com o presidente (Paulo Sirqueira), foi feito da melhor maneira possível. Deixo as portas abertas”, afirmou Márcio Ribeiro ao Diário. “Conversamos após o jogo (contra o Novorizontino) e estávamos querendo tomar decisão para poder retomar os resultados. Hoje (ontem) vim para (Presidente) Prudente (onde o Netuno enfrenta o Palmeiras amanhã) para conversar com o Paulo (Sirqueira) e com os jogadores. Deixei claro para eles que a situação não está em quem sai ou quem chega, mas sim dentro deles. Foi pedido para que mantenham o Água Santa na Primeira Divisão”, acrescentou.

Márcio fez balanço positivo de sua passagem pelo time diademense. “Foi período vitorioso, apesar dos últimos resultados. Fica marcada essa passagem, que não será apagada”, concluiu o ex-técnico do Netuno.

Apesar de seu jeito por vezes intempestivo, Ribeiro era querido por todos no clube. Mas a decisão de afastar o volante André Rocha e o zagueiro Cleber antes do duelo em Novo Horizonte não caiu bem com o elenco, segundo apuração do Diário. Na partida, o treinador promoveu seis alterações para dar uma chacoalhada no grupo, mas não adiantou.

O Diário também apurou que a decisão foi do presidente Paulo Sirqueira sem conhecimento e consentimento do restante da diretoria do Água Santa. Como a delegação não voltou para Diadema após duelo em Novo Horizonte por questões logísticas, a expectativa era que a reunião fosse realizada na segunda-feira, após o duelo contra o Palmeiras em Presidente Prudente. A permanência do treinador, inclusive, não era descartada, já que, na avaliação de pessoa ligada ao clube, os jogos que restam não confeririam tempo hábil para novo técnico salvar a equipe da degola.

O Diário tentou entrar em contato com o presidente Paulo Sirqueira, mas ele não atendeu à reportagem.

Márcio Ribeiro comandou o Água Santa em todos os 85 jogos oficiais da história da equipe, com 43 vitórias, 21 empates e 21 derrotas em todas as divisões do futebol de São Paulo.

Márcio Bittencourt assume time na reta final

O técnico Márcio Bittencourt foi o escolhido para assumir o Água Santa na reta final do Paulista. Ex-jogador e técnico do Corinthians, ele estava no Atlético Sorocaba e não comandou a equipe que ontem perdeu por 1 a 0 para o Batatais em casa e acabou rebaixada para a Série A-3 do Estadual. Este será seu primeiro trabalho em um clube da região. Ele chega com o auxiliar Juninho Martins.

“Fui procurado hoje (ontem) pelo Paulo (Sirqueira, presidente do Netuno). Conversamos e nos acertamos”, disse Bittencourt. “Fomos para o Atlético (Sorocaba) para ajudar o seu Sampaio e seu Rodrigues (dirigentes) porque não dava para fazer muita coisa”, justificou sobre a saída do Galo.

Sobre o Água Santa, Bittencourt disse conhecer o grupo por acompanhar a elite, mas vai ouvir os profissionais que estão no clube há mais tempo antes de implantar seu trabalho.

“O grupo é bom, já conheço a maioria dos jogadores. A gente vai chegar, vamos olhar e escutar as pessoas que estão trabalhando lá. A partir daí a gente começar a trabalhar”, comentou o novo treinador, que comanda hoje seu único treino antes do duelo contra o Palmeiras.