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Governo reabre linha de crédito para compra de caminhões

Taxa de juros varia de 9% a 10% ao ano; cerca de 80% das aquisições de veículos no Brasil são feitas por meio do Finame PSI, do BNDES

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
10/11/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O governo federal sinalizou ontem a empresários que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) irá reabrir a linha de crédito Finame PSI destinada para o financiamento de caminhões e ônibus. O programa foi suspenso no fim de outubro. A informação sobre a retomada do programa foi dada pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan, durante a abertura da 20ª edição do Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga.

Segundo Moan, o PSI será reaberto nas mesmas condições que já vigorava, com as taxas de juros de 10% ao ano para grandes empresas, 9,5% para pequenas e médias e 9% para autônomos. O programa é importante para a indústria de veículos pesados, já que entre 70% e 80% das vendas de caminhões e ônibus no País costumavam ser feitas por meio dessas linhas de financiamento.

Em nota, o presidente da Anfavea afirmou que a reabertura do PSI é “fundamental para o desenrolar do mercado em 2015”. “Permitirá prosseguir com as atividades neste ano com as regras já definidas. Ao considerar a conjuntura atual do segmento, tenho a certeza de que a decisão foi extremamente acertada e poderá dar uma injeção de confiança nos consumidores e investidores.”

A resolução que definiu 30 de outubro como prazo final para que os pedidos de financiamento de 2015 fossem protocolados foi publicada no dia 23, o que provocou uma corrida de interessados na obtenção do crédito.

O consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa elogia a reabertura do PSI, mas considera que, sozinha, essa medida não tem potencial para reaquecer o mercado de caminhões, cujas vendas retornaram no mês passado ao mesmo patamar registrado em 1999. “Considerando o cenário atual, qualquer movimentação é favorável. O problema é que só isso não basta. Também é preciso rever as taxas de juros, que estão muito elevadas. O retorno do PSI é apenas um pouco de óleo para fazer girar a engrenagem da economia”, comenta.

Para o superintendente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo), Octavio Leite Vallejo, a decisão do governo possibilita a retomada na credibilidade da indústria e a confiança por parte do empresariado. “Havia uma esperança de que, com a safra (e o aumento do fluxo de mercadorias agrícolas), tivéssemos uma melhora no setor, o que não ocorreu. O mercado de caminhões está depauperado, sem ter o que transportar e sem preço para o frete”, lamenta. Para ele, entretanto, o aumento da confiança dos investidores é um primeiro passo para que a demanda comece a aumentar.

A Mercedes-Benz, que possui fábrica de ônibus e caminhões em São Bernardo, afirmou, também por meio de nota, que a “decisão de reabrir a linha Finame PSI traz alívio para o setor” e que “o País precisa de medidas que assegurem o crédito a longo prazo aos investidores. A empresa diz ainda que, sem essa linha de financiamento, as vendas deste ano seriam ainda mais prejudicadas. De janeiro a outubro, segundo a Anfavea, o tombo ante o mesmo período em 2014 é de 45%, com 61 mil unidades.

O BNDES foi procurado pelo Diário para comentar sobre o assunto, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. A assessoria de imprensa do banco sequer tinha a confirmação sobre a reabertura do programa.

(Colaborou Leone Farias) 




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