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Garotinho critica açao policial no morro da Mangueira
Por Do Diário do Grande ABC
15/05/1999 | 13:54
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O governador Anthony Garotinho disse neste sábado, no Morro da Mangueira, na zona norte do Rio, ter informaçoes de que os policiais civis acusados de matar o menino Alex Sandro dos Santos, de 14 anos, durante uma operaçao na favela, tinham ido lá para chantagear os traficantes e receber propina. "Tive informaçoes de que eles vieram tomar dinheiro de traficante", afirmou o governador. "Nao quero disso no meu governo, polícia é polícia e bandido é bandido". Garotinho subiu o morro para desculpar-se com a família do menino e a populaçao do local, que havia fechado a via de acesso à favela na manha de sexta-feira (14) e entrado em confronto com a Polícia Militar.

O governador estava acompanhado do secretário de Segurança Pública, Josias Quintal, do sub-secretário de Segurança, Luiz Eduardo Soares, e do sub-secretário de Direitos Humanos e Cidadania, Ivanir dos Santos. A vice-governadora, Benedita da Silva, também esteve na favela, mas chegou quando o govenador já tinha ido embora.

"Foi uma operaçao ilegal, irresponsável e desastrosa", classificou o Garotinho. "Mesmo que o menino tivesse antecedentes criminais, isso nao justifica a açao da Polícia Civil." Os moradores que testemunharam o assassinato do estudante pediram justiça ao governador. A dona da casa em frente a qual Alex Sandro foi morto, Geocy Donato, de 90 anos, entregou ao govenador fragmentos de balas que teriam sido disparadas pela polícia. Ela contou que, quando a polícia perseguia o estudante, ele bateu na sua porta pedindo ajuda, mas os policiais a ameaçaram, dizendo que ela também morreria se o socorresse. "Fiquei com medo e nao pude fazer nada", contou.

O governador confirmou o afastamento do diretor da Metropol 1 (Praça Mauá, no centro do Rio), e dos sete policiais que participaram da operaçao. "Quem faz operaçao de repressao é a polícia militar", ressaltou Garotinho. "A polícia civil tem apenas o papel de investigar e nao invadir morro." Ele acrescentou que também será investigado o policial que estava no helicóptero apontando uma metralhadora para a favela, quando a Polícia Militar tentava liberar a rua Visconde de Niterói, que fica em frente à quadra da escola de Samba. "O helicóptero foi autorizado para sobrevoar e orientar sobre o conflito e nao para apontar armas, aumentando o pânico", criticou Garotinho.

Luiz Eduardo Soares informou que a delegacia provisória montada neste sábado, na Vila Olímpica da Mangueira, para ouvir os moradores - que estavam com medo de ir à delegacia do bairro - vai continuar funcionando e quem tomará os depoimentos será a subcomandante da Polícia Civil , Marta Rocha. Da Mangueira, Soares foi ao Morro da Coroa, no Centro, onde outro menino foi assassinado, na sexta-feira, durante uma batida da PM. Rodrigo Marques da Silva, de 15 anos, foi baleado quando jogava bola e será enterrado neste sábado.

Enterro - O corpo de Alex Sandro só foi liberado pelo Instituto Médico-Legal por volta das 11 horas de sábado, e levado para a quadra da Escola de Samba Mangueira. Nenhum dos irmaos do menino, que, segundo a polícia teriam ligaçao com o tráfico, apareceu no velório e a mae dele, Solange dos Santos, que chorava muito, nao quis falar com a imprensa.

Pouca gente compareceu ao velório e nao houve mais tumulto no morro. O enterro está marcado para as 17 horas, no Cemitério do Caju.




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