Economia Titulo Retração
Indústria corta 12,7 mil vagas no Grande ABC no primeiro semestre

Apenas em junho, 3.700 trabalhadores do setor foram demitidos nas sete cidades, segundo Ciesp; índice mensal é o mais baixo desde 2011

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
17/07/2015 | 07:00
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A indústria cortou 12,7 mil postos de trabalho no Grande ABC no primeiro semestre, queda de 5,86% no nível de emprego do setor ante o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). De janeiro a junho de 2014, foram contabilizadas 10,1 mil demissões, o que representou redução de 4,53% no estoque em relação à primeira metade de 2013. Para se ter ideia de como a crise se agravou de lá para cá, nos primeiros seis meses de 2013, o saldo era positivo em 200 trabalhadores.

Apenas no mês passado, foram 3.700 dispensas. A retração mensal no nível de emprego foi de 1,76%, a maior desde, pelo menos, 2011. Em junho de 2014, a variação foi negativa em 1,36%. No acumulado de 12 meses, as indústrias da região cortaram 22,4 mil postos de trabalho – o equivalente a quase metade da população de Rio Grande da Serra. Entre julho de 2013 e junho de 2014, foram registrados 17,1 mil desligamentos.

Empresários da região avaliam que a redução nos postos de trabalho é consequência do mau momento que vive o setor no Brasil, e não veem perspectivas de melhora para os próximos meses. “Infelizmente, nada disso é novidade. Estamos em um processo de recessão por conta de todo um cenário político, que tem afetado o aspecto econômico, principalmente no que diz respeito à confiança dos empresários para novos investimentos. Para este ano, a menos que todos os analistas estejam equivocados, a tendência é de aprofundamento da crise, e não de melhora”, comenta o diretor titular do Ciesp de Santo André, Emanuel Teixeira, que abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Para Donizete Duarte da Silva, diretor titular do Ciesp Diadema, a situação é preocupante. “Cerca de 60% das famílias da cidade dependem diretamente da indústria. Os outros 40% estão no comércio e serviços, mas que também estão ligados à indústria.” O empresário alerta que as autoridades do Grande ABC têm de atuar em conjunto para fomentar o setor. “Ou reagimos juntos ou nosso futuro a curto prazo é o mesmo que Detroit enfrentou.” Ele se refere à cidade dos Estados Unidos que já foi considerada a capital mundial do automóvel e hoje sofre com a desindustrialização.

Silva critica medidas anunciadas pelo governo para reaquecer o setor, como o PPE (Plano de Proteção ao Emprego). “Ataca a consequência, e não a causa. Mantém o empregado e destrói o empregador.”

A maior parte dos cortes na região ocorreu em São Bernardo, com 1.800 no mês, 5.350 no semestre e 6.850 em 12 meses. Os segmentos que mais demitiram no Grande ABC foram os de veículos automotores e autopeças (-2,7%); produtos de borracha e materiais plásticos (-2,57%) e produtos de metal (-2,39%).

ESTADO

Em São Paulo, foram registradas 27,5 mil demissões na indústria em junho, pior patamar desde o início da série histórica da pesquisa, em 2005. Apenas neste ano, foram 62,5 mil vagas fechadas no setor, o que também representa o pior desempenho em dez anos. No acumulado de 12 meses, o total de desligamentos chega a 191 mil. Assim como no Grande ABC, o segmento automotivo influenciou os resultados. 




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