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Sem patrocínio, Silvana Lima busca maior visibilidade para as mulheres no surfe
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17/05/2015 | 06:30
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Desde a conquista do título mundial de Gabriel Medina, em dezembro passado, o Brasil assumiu um posto de destaque no Circuito Mundial de Surfe. Nesta temporada, Adriano de Souza, o Mineirinho, e Filipe Toledo ocupam a primeira e terceira posições do ranking, respectivamente, e atribuem a "inspiração" para a boa fase ao título do companheiro do litoral paulista.

Os holofotes, porém, não chegam ao surfe feminino. "Para o meu lado nada mudou, nem para as outras meninas", reclamou a cearense Silvana Lima, que mergulha de cabeça à procura de um patrocínio principal que permita que ela se mantenha focada no circuito, mas não tem sido fácil. "A vitória do Gabriel serviu para atrair a atenção da mídia e do público. Hoje eu dou mais entrevistas, mas é só isso", comentou a surfista brasileira, de 30 anos de idade.

Silvana foi vice-campeã mundial em 2008 e 2009 e este ano é a brasileira melhor colocada no ranking, na nona posição. "Eu estou na melhor fase do meu surfe e acredito que sou a única brasileira brigando pelo título mundial e nada de patrocínio", afirmou. "Se você for ver, nenhum dos atletas masculinos entrou no circuito sem patrocínio principal".

Neste ano, Silvana ainda se destacou ao obter a nota máxima, 10, em duas das três etapas disputadas na Austrália. Porém, sua esperança de sensibilizar os empresários está na etapa do Rio, que ocorre desde o último dia 12. "Acho que já demonstrei estar merecendo mais apoio. Já ganhei vários ?não?. Outros estão oferecendo pouca coisa, que não basta para pagar os custos da gente. Então prefiro ficar sem do que ganhar pouca coisa".

As viagens de Silvana têm sido bancadas por uma ajuda de custo da Liga Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês) e a venda de filhotes de buldogue francês, que ela cria. O dinheiro tem servido para custear o deslocamento para competir, mas ela reclama que tem sido insuficiente para bancar os treinamentos e outras despesas.

"Não consigo focar só no surfe. Disputo bateria por bateria pensando em pagar o cartão no fim do mês. Porque a vida do surfista não é só viajar. Tem de ter surf trip, custos da academia, personal trainer, as contas de casa", lamentou. "É preciso acabar com a ideia de que surfe é coisa de vagabundo, é preciso de muito trabalho".

Silvana venceu o WQS em 2014, uma espécie de divisão do acesso à elite, mas para que pudesse se manter na competição foi obrigada a vender seu apartamento no bairro Recreio dos Bandeirantes, no Rio, e um carro Kia Sportage. Além de se desfazer dos bens, ela também decidiu se mudar para a Bahia, após oito anos no Rio. Segundo ela, as condições do mar baiano são mais parecidas com as demais sedes do circuito.

A brasileira também critica o tratamento dado à competição feminina nas etapas que são compartilhadas com os homens. "A organização bota as meninas para disputar quando a condição das ondas está menor (em geral, no fim da tarde)", contou. Na última sexta-feira, por exemplo, a disputa da segunda fase das mulheres foi adiada para o dia seguinte para que pudesse ocorrer a quarta e a quinta fases do torneio masculino, com intenção de aproveitar a qualidade das ondas no dia. "Já nos acostumamos com isso".




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