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Prefeitura de Mauá quer devolver Nardini ao Estado no próximo ano
Por Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
02/12/2006 | 16:59
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Fonte do primeiro escalão da administração municipal de Mauá garante: uma das primeiras iniciativas do prefeito Leonel Damo (PV) quando o governador José Serra (PSDB) assumir será marcar uma conversa para tentar devolver ao Estado o Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini. Para confirmar a informação, a reportagem fez contato com a Prefeitura e não obteve a resposta do prefeito Leonel Damo, mas o secretário de Saúde Cincinato Freire admitiu, em nota, o “desejo de estadualização do Nardini”.

Referência regional, o Hospital Nardini nasceu polêmico e assim continua até hoje. Boa parte dos prefeitos e vereadores de situação que passaram por Mauá nas últimas décadas pensaram na transferência de gestão ou efetivamente a pediram, em algum momento. Ou ainda, pelo menos, reivindicaram com insistência o aumento do repasse de verbas.

Em dezembro de 1997, o então líder do PMDB na cidade, Alberto Betão Pereira Justino, hoje no PSB, conseguiu aprovar uma moção ao Ministério da Saúde e ao Estado, de aumento de verba para o hospital. Na época, o vereador alegou que Mauá gastava R$ 1,5 milhão por mês com a unidade, enquanto o Ministério da Saúde aplicava R$ 198,8 mil e o Estado, 138,6 mil. A moção lembrava que o Nardini atendia a 15 mil pessoas/mês no pronto-socorro (hoje estima-se que sejam 30 mil), realizava 220 partos e garantia 800 internações mensais.

A reportagem tentou atualizar todos os números, principalmente custos, junto ao Estado e à Prefeitura, mas não conseguiu. A administração municipal alegou que Cincinato Freire acabou de assumir a pasta e que tem feito reuniões com a equipe da saúde para obter informações e dados sobre o setor, “por isso, não divulgará, neste momento, os números relativos aos atendimentos em unidades de saúde da cidade”. A Secretaria de Estado da Saúde alegou que não haveria tempo suficiente para levantar tais dados, e que seria necessário ter em mãos os custos alegados pela Prefeitura para que o comparativo fosse feito nas mesmas bases. Sobre a transferência de gestão, o Estado informou que não se pronunciará enquanto não existir uma solicitação formal da Prefeitura.

Sujeira – Independentemente de quem tome conta do Nardini daqui para frente, o fato é que a população tem reclamado cada dia mais da situação do hospital ao Diário. Por conta disso, a repórter passou a tarde da última quarta-feira disfarçada de paciente no hospital. Embora não tenha notado espera além do normal (considerada a realidade de um hospital público, até duas horas), presenciou condições severas de falta de higiene.

Entre outros problemas, o banheiro feminino para pacientes do Centro de Especialidades – que atende com consulta marcada, nas dependências do Nardini – estava todo molhado (provavelmente com vazamentos), exalando mau cheiro, e falta de papel higiênico. Do espaço, saíam moscas que invadiam a sala de espera e os corredores dos consultórios. Obviamente, uma situação inadequada para um hospital.

Outras dependências também revelam serviço de higiene insuficiente. Na maioria dos banheiros, não foi visto sabonete. No pronto-socorro, um médico trabalhava sem o jaleco branco. Uma barata morta foi encontrada na última sexta-feira em um corredor. O secretário Freire afirma que tais problemas de higiene serão resolvidos em até duas semanas.

Agendar uma consulta também é tarefa que requer paciência. A reportagem presenciou usuários solicitando neurologistas e pneumologistas e recebendo respostas nada animadores. “Só para fevereiro”, disse uma funcionária sem olhar para o cidadão, enquanto conversava animadamente com outras recepcionistas.

(Colaborou Marco Borba)



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