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Pearl Jam promete voltar ao Brasil
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
05/12/2005 | 08:51
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Foram pouco mais de quatro horas em dois shows realizados em São Paulo. Tempo suficiente para o Pearl Jam recompensar, e muito bem, os cerca de 80 mil fãs – que compareceram sexta e sábado no estádio do Pacaembu – pela longa ausência de 15 anos. Antes de encerrar a turnê no Rio com o show que faria domingo, na Praça da Apoteose, Eddie Vedder e companhia levaram ao delírio o numeroso e apaixonado séquito que lotou o espaço nas duas apresentações. Se na sexta-feira os norte-americanos já estavam bem à vontade com a platéia de São Paulo, no sábado se deram conta da baita injustiça que foi deixar o Brasil fora de outras turnês. "Finalmente estamos no Brasil, nos perguntamos porque é que não viemos antes", disse o vocalista, que se despediu da cidade com a bandeira do Brasil nas costas.

Animada com a empolgação dos fãs brasileiros, a banda, que na sexta havia prometido voltar daqui a dois ou três anos, deixou o palco sábado afirmando que deve retornar ao país no ano que vem. Acompanhado de sua inseparável garrafa de vinho e um cigarro, Vedder fez de tudo no palco nesses dois dias. Conversou muito com os fãs, preocupou-se com a segurança do público, homenageou o grande amigo Johnny Ramone, tocou gaita e desceu do palco para cantar mais próximo dos fãs numa área reservada aos fotógrafos.

Quando o canto visceral de Vedder ecoou pela primeira vez no estádio, na sexta-feira, o que se viu foi um misto de euforia e emoção. Don‘t Go foi praticamente recitada pelos presentes, assim como todas as outras canções. Com repertórios diferentes, marca registrada do Pearl Jam, quem foi ao Pacaembu na sexta pôde curtir Black, Jeremy, Even Flown e Last Kiss, enquanto no sábado Daughter e You Got to Hide Your Love Away, além de um cover de Neil Young, foram os diferenciais. Mais solto que na primeira performance em São Paulo, Vedder elogiou o público de sábado. "Ontem foi especial, mas vocês são um público melhor", disse para o delírio dos fãs, que gritavam a cada frase do vocalista, mesmo aquelas ditas num português meio sem sentido, como na sexta, quando Vedder causou furor ao dizer "vocês têm uma cara fantástica".

Tietagem – Nos dois dias de shows em São Paulo, o que viu à porta do estádio foram filas imensas de fãs que esperavam pela abertura dos portões, às 15h. A Polícia Militar teve de ser enérgica para conter os mais afoitos, que entraram correndo e gritando no estádio. "Isso aqui não tem explicação, nunca imaginei que esse show fosse acontecer", disse o estudante Leandro Gutierre, 17 anos, que veio de ônibus de São Pedro, interior de São Paulo.

Mais calma, Roberta Rocha, 26, esperava ouvir músicas do começo da carreira do Pearl Jam. "Conheci a banda pela MTV, aí comecei a comprar cassetes e a acompanhá-los. Até pouco tempo, fazia parte de um fã-clube", contou a professora, que veio de Goiânia na companhia de uma amiga.

Mas não foi só o Pearl Jam que fez a alegria do público. Antes de Vedder e companhia subirem ao palco, o Mudhoney garantiu a animação dos presentes. Ainda um pouco desconhecida, a banda de Seattle, que já tocou no Brasil ao lado de MC5, apresentou 40 minutos de puro rock’n’roll quase no mesmo estilo da atração principal e agradou sobretudo ao público mais maduro.

Matinê – Além de ser a primeira performance do Pearl Jam em São Paulo, as apresentações de sexta e sábado foram responsáveis por uma iniciativa pioneira em relação a shows na cidade. Por pressão dos moradores próximos ao estádio, a Prefeitura só liberou a realização dos espetáculos se eles fossem encerrados até as 22h e a limpeza ficasse por conta da organização do evento. Por isso, Mudhoney e Pearl Jam pisaram no palco num horário que lembra as matinês, às 18h30 e 19h30, respectivamente, fato um tanto estranho para os shows de rock.




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