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Trem descarrila na Serra do Mar
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
20/06/2006 | 08:00
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Um acidente envolvendo duas composições de trens de carga paralisou no início da madrugada de segunda-feira o trecho de linha entre Paranapiacaba, no Grande ABC, e o início da Serra do Mar, na Baixada Santista. Durante a descida, de 8 quilômetros, uma das composições, carregada com minério de ferro, perdeu o controle e se chocou contra a traseira do vagão que seguia na frente, com açúcar. A previsão da MRS Logística, concessionária que administra a linha, é de que o trecho permaneça interditado até quarta-feira.

A colisão ocorreu por volta da 0h30. A primeira composição tinha cinco vagões, carregados com açúcar. A segunda, quatro vagões com minério de ferro. Os dois desciam a Serra do Mar quando a composição carregada com o minério perdeu o controle e bateu em cheio em um dos vagões que seguia logo à frente. Ao perceber que seria atingido, o maquinista da composição que trazia açúcar saltou do trem. Segundo a versão da MRS, Adelino Pereira de Souza Vieira sofreu ferimentos leves e passa bem.

Ele quebrou o braço e está internado em observação no Hospital Ana Costa, em Santos. O boletim médico com seu estado de saúde não foi divulgado. A versão do Sindicato dos Ferroviários é outra. Eles dizem que Vieira foi resgatado em coma e só recobrou a consciência no hospital. Orlando Aparecido Firmino, o outro maquinista, nada sofreu. O acidente só não foi pior porque os seis vagões que tombaram com o choque, caíram no lado oposto do abismo da Serra do Mar. Até o início da noite de segunda-feira, a MRS ainda não sabia a causa do acidente.

A investigação é acompanhada por diretores do Sindicato dos Ferroviários, que não acredita em falha humana. Segundo associação, os maquinistas que trabalham no trecho são experientes. Cerca de 90% deles trabalham no sistema antes que a MRS assumisse a concessão, em 1996. Para o sindicato, pode ter havido falha na cremalheira. O sistema é utilizado no trecho desde 1974 e movimenta os trens a partir do giro de uma roda, na locomotiva, sobre um trilho dentado na linha. A tecnologia substituiu o sistema funicular, que utiliza cabos para fazer a travessia. Segundo especialistas, o sistema tradicional, utilizado no transporte de passageiros, não possui força suficiente para vencer a inclinação de 10% da Serra do Mar.

Prejuízo – São transportados por dia 510 mil toneladas de carga pela linha. Pelo menos 70% desse volume é de minério de ferro e segue direto para Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), em Cubatão. A empresa faz parte do grupo Usiminas e possui o maior complexo siderúrgico de aços planos da América Latina, com capacidade para produzir 9,5 milhões de toneladas de aço por ano. A empresa não revelou se a interdição da ferrovia comprometerá o abastecimento de seus clientes, entre os quais dos setores automobilístico e da construção civil.

Uma alternativa para amenizar o prejuízo pode ser o uso do transporte rodoviário. A Cosipa já utiliza o modal para levar parte pequena de sua matéria-prima do quadrilátero do ferro, em Minas Gerais, até a Baixada Santista. Apesar da MRS informar que a interdição da linha termina nesta quarta-feira, o Sindicato dos Ferroviários não acredita que o prazo será cumprido. “Em casos menos graves que esse, o sistema levou muito mais tempo para ser restabelecido”, afirmou o presidente da associação, Elois Alves, que considerou o acidente de segunda-feira o mais grave do sistema até hoje.



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