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Descentralização vira jogo de empurra
Daniel Macario
Do Diário do Grande ABC
22/01/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A descentralização da farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, localizada em Santo André, ganhou nesta semana um novo episódio ao virar jogo de empurra entre municípios da região e governo estadual. Sob as justificativas de que o tema deve ser debatido, por meio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, ou que ainda não foram procurados para iniciar a discussão do tema, municípios seguem de braços cruzados e no aguardo do contato de representantes do Estado para que o diálogo do projeto seja iniciado.

Conforme noticiado pelo Diário na semana passada, a diretora do Departamento Regional de Saúde da Grande São Paulo, Vânia de Azevedo Tardelli, propôs promover reunião extraordinária sobre o tema, no entanto, a porta-voz do Estado também segue na espera da solicitação do encontro por parte dos prefeitos.

Discutido desde 2014, o projeto para descentralização da farmácia do Hospital Mário Covas segue acumulando impasses burocráticos para que a proposta saia do papel. No ano passado, após municípios apresentarem propostas de unidades que poderiam abrigar a distribuição de medicamentos em cada município, o Estado acabou recuando de efetivar a medida ao adotar saída genérica para desafogar o já saturado sistema de atendimento do serviço.

Na ocasião, o governo estadual optou por implantar, em outubro do ano passado, a distribuição trimestral de medicamentos para 9.000 usuários do serviço, o correspondente a um quarto dos 36 mil atendimentos mensais dos atendimentos na farmácia de alto custo do Hospital Mário Covas. No entanto, quatro meses após a medida ter sido implantada, a fila de espera para retirar itens na unidade segue sendo, em média, de quatro horas, podendo chegar a seis em dias mais movimentados.

Segundo o Estado, a alternativa foi adotada, pois municípios do Grande ABC não acataram a proposta de descentralização, o que foi negado posteriormente por representantes das cidades.

Procuradas pela equipe do Diário, as prefeituras de Santo André e Mauá, que anteriormente se mostraram disposta a debater o assunto, declararam nesta semana que seguem no aguardo do Estado para agendar a reunião sobre o tema. Já as administrações de Diadema e Ribeirão Pires informaram que o assunto poderá ser pautado por meio do GT (Grupo de Trabalho) de Saúde do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A entidade, no entanto, segue sem nenhum diretor na área definido.

Secretário de Saúde de São Bernardo e ex-superintendente do Hospital Mário Covas, Geraldo Reple Sobrinho, também manifestou interesse pela proposta. “Quanto eu estava do lado de lá (no governo estadual), me senti frustado por não ter acontecido (a descentralização). Mas estamos dispostos a retomar o debate. Fui um dos maiores defensores do projeto.”

Na sexta-feira, durante visita na região, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) também mostrou interesse, mas não deu prazos para o projeto sair do papel. “Eu vejo com bons olhos, acho que é importante. Quanto mais a gente descentralizar, mais parceiros, é melhor. Ganha a população.”
 




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