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Artista gráfico fala sobre história da capa do vinil
Por Do Diário do Grande ABC
11/07/1999 | 14:55
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O artista gráfico Egeu Laus, de 48 anos, nao é um nostálgico defensor do vinil, mas os discos, de 10 e 12 polegadas de diâmetro, e os de 78 rotaçoes, fazem parte da sua vida. Há cinco anos, ele escreve o livro "A Capa de Disco no Brasil: Os Primeiros Anos". Trata-se da primeira obra brasileira sobre o tema.

Até agora, Laus já conseguiu reunir 300 capas, mas a idéia é chegar a 500. Algumas delas estao em exposiçao na sede da Associaçao de Designers Gráficos, em Pinheiros, na capital paulista. "Infelizmente, preciso de apoio para continuar as pesquisas", lamenta o artista, que trabalhou durante 15 anos na gravadora EMI fazendo capas de discos e hoje continua no ramo por conta própria. Em seu currículo estao mais de 100 capas de long-plays, entre eles, as de Luís Melodia, Legiao Urbana e Renato Russo. "A grande diferença entre fazer a capa do vinil e de um CD é que, no primeiro, o desenho ganha a forma de um cartaz, enquanto no Compact Disc, a ilustraçao está mais para servir a um objeto", compara. Laus só tem uma restriçao aos discos digitais: a capa plástica. "É um absurdo; é frágil, quebra fácil e, definitivamente, deveria ser abolida", defende.

No livro, ele vai reunir muitas reproduçoes de capas originais de discos e curiosidades da indústria fonográfica brasileira. Segundo Laus, a história oficial do disco no país começa em 1902, com a criaçao da Casa Edison, de Fred Figner e a construçao, por ele, da fábrica Odeon. Com capacidade de prensagem de 125 mil discos por mês, a fábrica seria a maior produtora de discos até 1920.

Em 1927, a Victor estreou com um disco do cantor Francisco Alves, com a gravaçao elétrica, uma tecnologia nova, que permitia uma qualidade mais apurada dos registros em discos de 10 polegadas, com velocidade de 78 rpm. O 78 rpm sobreviveu até 1958, sete anos depois que os discos de vinil chegaram ao mercado nacional. "O vinil era um composto sintético conhecido desde os anos 30 e foi usado nos assentos de avioes de guerra americanos durante a 2ª Guerra Mundial", diz Laus.

Em 1954, as bolachas ficaram maiores, com 12 polegadas, com seis músicas de cada lado. No livro, Laus lembra que o Brasil foi o terceiro país a introduzir o formato long-play, depois dos Estados Unidos e da França. O novo formato exigia embalagens mais informativas, no lugar do tradicional envelope pardo.

Segundo o pesquisador, há capas de discos assinadas por artistas e ilustradores consagrados, como Di Cavalcanti, Darcy Penteado, Miécio Caffé, Paéz-Torres e Lan. "Muitos deles faziam disso um bico, para ganhar um dinheiro extra", lembra.




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