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Hamilton Lacerda retorna aos quadros petistas
Por Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
23/02/2010 | 07:41
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Um dos políticos mais influentes do PT de São Caetano está de volta ao partido. Hamilton Lacerda, que há quatro anos deixou a legenda em decorrência de suposto envolvimento na venda de dossiê contra a campanha tucana ao governo paulista, em 2006, preencheu ficha que deverá ser avalizada pelo cartório eleitoral em abril. A oficialização do retorno de Hamilton à sigla foi realizada em reunião, há 15 dias, no gabinete do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT).

"O PT está aberto para recepcionar todos os homens e mulheres de bem, que querem estar no partido e concordem com o estatuto. Hamilton Lacerda é uma dessas lideranças, até porque não responde a nenhum processo. Não tem por que ele estar fora do partido", ressaltou ontem o chefe do Executivo são-bernardense, que participou do processo de retorno.

Hamilton Lacerda foi o coordenador de campanha de Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo (leia reportagem ao lado). À época foi acusado de negociar documentos comprometedores contra integrantes do PSDB, chegou a depor à Polícia Federal, mas nenhum processo foi aberto contra ele.

"Nunca fui intimado a mais nada. Ganhei algumas ações contra meios de comunicação. A volta ao PT é de foro íntimo, é muito importante para mim. Mas ainda estão avaliando a possibilidade, que só deve ser confirmada em abril, quando as fichas são analisadas pelo cartório", salientou Hamilton, ao frisar que recebeu "o convite de alguns companheiros para retornar".

As últimas duas aparições de Hamilton Lacerda em atos políticos foram em 2008. Em fevereiro, participou da posse da executiva petista em São Bernardo. Depois, durante a campanha, em agosto, esteve no jantar de arrecadação de recursos financeiros de Jayme Tortorello (PT), candidato ao Paço de São Caetano. Em ambas ocasiões demonstrou interesse em retornar à vida política.

Apesar do bom retrospecto nas urnas antes do episódio de 2006, que o forçou a sair do PT, Hamilton observa com cautela a nova fase. Ainda não há projetos para disputar cargos eletivos ou participar da campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), à Presidência em outubro. "Não há nenhum plano. É só uma satisfação pessoal mesmo."

Hamilton tem o melhor desempenho do PT de São Caetano nas urnas. Em 2004, quando tentou o Palácio da Cerâmica, obteve 30.490 votos, ou 32,2% do eleitorado - perdeu para José auricchio Júnior (PTB), que ostentou 43.988 adesões, ou 46,4% dos votos.

Antes, o ex-petista que ingressa novamente no partido havia sido vereador por três mandatos consecutivos (1993-1996, 1997-2000 e 2001-2004), além de coordenar a macrorregião da sigla.

O presidente do PT de São Caetano, vereador Edgar Nóbrega, que sustentava até então relacionamento pouco amistoso com Hamilton "por divergências políticas", vê com bons olhos a volta dele à militância. "Essa disposição foi encaminhada ainda pela direção partidária passada (sob o comando de Edison Bernardes). Não vamos atrapalhar nada. 40% dos filiados têm muito respeito por ele. Contornamos as diferenças e agora vamos construir um projeto", destaca o parlamentar, que há dois anos declarou que não tinha "clima" para cumprimentar Hamilton.

Mercadante evita falar sobre ex-coordenador de campanha

"Não tenho falado com ele, não sei a opção dele. Sobre esse assunto eu já disse tudo o que tinha para dizer."

Foi dessa forma que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) respondeu à reportagem do Diário sobre a volta de Hamilton Lacerda ao PT depois de quatro anos.

Em 2006, quando deixou a sigla, o ex-vereador de São Caetano coordenava a campanha de Mercadante ao governo do Estado de São Paulo. E a campanha do senador rumo ao Palácio dos Bandeirantes começou a declinar após Hamilton ser flagrado no circuito interno de vigilância de um hotel da Capital.

O ex-vereador de São Caetano estava carregado de malas e sacolas. A Polícia alega que o petista levava recursos para a compra de dossiê para prejudicar a campanha de José Serra (PSDB), que acabou vencendo o pleito.

O suposto documento antitucano apontaria envolvimento de integrantes do partido em esquema de corrupção. O ‘receptor' do material seria Gedimar Passos, integrante do PT responsável por analisar denúncias contra os adversários.

COMPUTADOR - Questionado sofre o fato na época, Hamilton declarou que, nas sacolas, só estavam um computador portátil, boletos e material da campanha de Mercadante.

Por conta do escândalo envolvendo suposta aquisição do dossiê, Hamilton se desfiliou do PT, antes de ser expulso da legenda. À época, o ex-vereador de São Caetano afirmou que essa foi a decisão mais difícil da vida.

Pouco tempo depois, o presidente Lula chamou todos os integrantes do partido envolvidos no esquema desmascarado como ‘aloprados'.

Quando falou sobre o assunto, Hamilton desabafou, dizendo-se "apunhalado pelas costas" e "decepcionado com muitas pessoas que se diziam parentes" dentro da legenda, em alusão ao hoje presidente municipal da legenda, o vereador Edgar Nóbrega, que é cunhado de Hamilton. (Matheus Adami)




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