Mesmo com quatro mudanças no primeiro escalão desde que assumiu a Prefeitura de São Bernardo, o prefeito Luiz Marinho (PT) mantém o secretariado importado. Integrantes do governo em importantes cargos do governo são de fora da cidade, o que tem gerado críticas da oposição.

O argumento dos políticos contrários à gestão petista é que os secretários de Marinho, oriundos de cidades como Santos, Campinas, São Paulo e Santo André, desconhecem as características de São Bernardo. E o período de adaptação gera retardo nos resultados da administração. O único dos quatro substitutos que tem histórico no município é o ex-vereador José Ferreira.

"O fato de serem de fora não é bom nem para o Executivo nem para a cidade", frisa o líder da oposição na Câmara, Ary de Oliveira (PSDB). "Saiu um secretário de finanças de Brasília, veio outro de São Paulo, e não vimos nada", completa.

O chefe do Executivo contra-ataca as críticas. "Vejo isso como uma questão política. A oposição precisa criticar alguma coisa. Se esse é um motivo de crítica, é sinal de que o governo está no caminho certo."

Marinho ressalta que as reclamações devem ser direcionadas para as ações da Prefeitura. "Qualquer um deve reivindicar se estamos fazendo o plano de governo andar ou não. A cidade elegeu nossa proposta e estamos colocando-a em prática."

O prefeito frisa ainda que a busca por profissionais de fora de São Bernardo se deve pela ausência do PT no comando da cidade por 16 anos. "Nesse período não formamos novos quadros aqui. Inclusive houve quadros que saíram. Estamos trazendo agora um engenheiro que estava trabalhando oito anos em Guarulhos e mora no município."

O petista salienta que na cidade existem "grandes médicos, que é diferente de grandes gestores de Saúde, grandes professores, que é diferente de grandes gestores da Educação". "O que estamos fazendo é trazer bons quadros de fora e trabalhando para formar novas lideranças na cidade para dar continuidade", enfatiza Marinho, ao afirmar que estuda incrementar a escola de governo idealizada por Celso Daniel (ex-prefeito de Santo André morte em 2002) "para ajudar nesse processo de formação".

Nádia Somekh e Alfredo Buso trabalharam na gestão Marta
Alfredo Buso, até então assessor de gabinete do prefeito Luiz Marinho, assume hoje a Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional no lugar de Nadia Somekh, a quarta secretária a deixar o governo petista em um ano e dois meses - a justificativa foi o acúmulo de funções.

Com experiências nas Prefeituras de São Paulo e Santos, Buso - que ainda montará sua equipe de trabalho - terá a missão de acelerar o processo de reestruturação do desenvolvimento da infraestrutura da cidade. "Temos de dar um chacoalhão. O município tem de passar por um embelezamento desde a zona central. Pretendemos aplicar o conceito de bairro-centro", explica o chefe do Executivo.

O petista exemplificou a responsabilidade que estará a cargo do novo secretário. Disse que a cidade receberá nos próximos meses o Conjunto Habitacional Três Marias e os CEUS (Centros Educacionais Unificados) "e será preciso melhorar o entorno (desses locais) para funcionar como um centro de bairro".

Para atingir esses objetivos, será necessário fazer alterações no Plano Diretor, por exemplo. "Sobretudo na ótica de preparar São Bernardo para receber investimentos. Precisamos fazer algumas adaptações", discorre Marinho.

Indagado sobre o legado deixado por Nadia Somekh, o prefeito ressalta que "iniciou a organização da secretaria, ajudou bastante no debate do transporte público e colaborou com a filosofia de governo no primeiro ano".

O chefe do Executivo afirma ainda que a quarta integrante a deixa a gestão saiu porque "a carga estava pesada para ela", Nadia coordenará projetos na Universidade Mackenzie, com quem a Prefeitura assinou convênio para fazer estudos na área de planejamento urbano.