“O trabalho entre nós está ótimo, não há tensão, apesar do temperamento italiano dela”, diz a soprano brasileira Niza de Castro Tank, olhar maroto, dando uma piscadinha enquanto espera a tradução – e a reação da colega italiana Fiorenza Cossotto. “Mas do que você está falando? O que você queria? Que eu cantasse música italiana com espírito do Alasca?” Elas se olham. E abrem um enorme sorriso. São dois grandes nomes do canto lírico. Conheceram-se há poucos meses, mas é difícil notar – conversam, brincam e se provocam como velhas amigas. E garantem que, no palco, é a mesma coisa.

Para conferir? Niza e Fiorenza se apresentam neste sábado no Teatro São Pedro – cantam o Stabat Mater de Pergolesi, a mesma peça que faz parte do CD que gravaram em São Paulo ao longo da semana passada, regidas pelo maestro Achille Picchi.

 Niza é um monumento do canto lírico brasileiro – nos anos 1960, 1970 e 1980 foi a intérprete por excelência de Ceci, no Guarani, de Carlos Gomes, papel a que somou outros do grande repertório, como Lucia, Susanna e Lakmé.

A conversa leva ao Stabat Mater, de Pergolesi (1710-1736). “É uma música aparentemente simples.Veja, é muito difícil exprimir sensações profundas com uma música simples. Mas quando conseguimos, é bonito demais. E nos faz ver a verdadeira obra-prima que é essa composição”, diz Fiorenza.

Além da obra de Pergolesi, o programa, do concerto e do CD, tem também duas composições de Carlos Gomes (Ave Maria e Canto da Verônica) e duas de José Pedro Sant’Anna Gomes (Tristis est Anima Mea e Ave Maris Stella).