Cerca de 400 mil jovens reunidos, dois nascimentos, morte por overdose e uma série de shows que mudaram definitivamente a história do pop. Esse foi o saldo da "Feira de Arte e Música" de Woodstock, que hoje completa quatro décadas.

Realizado em uma área de 240 hectares, na fazenda de produção de leite de Max Yasgur - localizada na cidade de Bethel, em Nova York -, o festival contou com a participação do primeiro escalão do rock e do folk da época.

De 15 a 17 de agosto de 1969, em clima de expansão da consciência turbinada pelas drogas, amor livre e radical contestação, a multidão de hippies acompanhou performances memoráveis de artistas como The Who, Santana, Joe Cocker, Joan Baez, e Sly and the Family Stone.

O recém-lançado livro Woodstock (Agir, 320 págs., R$ 49, 90), do radialista norte-americano Pete Fornatale, registra os bastidores daquele fim de semana de "paz, amor e música". Os capítulos são divididos segundo a ordem das apresentações e revelam os bastidores do evento, marcado pela absoluta falta de experiência dos organizadores, que esperavam não mais que 70 mil pessoas.

Os cantores Richie Havens, que abriu a programação na sexta, e Country Joe McDonald fizeram shows-estepe, enquanto a organização não conseguia viabilizar a chegada de outros músicos ao palco, em decorrência dos quilômetros de engarrafamento provocados pelo festival. Apesar dos improvisos, saíram consagrados.

Pioneiro da fusão entre rock e ritmos latinos e então desconhecido pelo grande público, o guitarrista mexicano Santana estava escalado para tocar na madrugada de domingo. Mas teve de encarar a plateia na tarde de sábado, como confidenciou ao autor do livro.

"Eu estava chapado de mescalina e me disseram que só iria tocar às 2h ou algo parecido. Mentiram para a gente. Assim que tomei o lance e comecei a pirar, subimos - eram 14h. Foi a primeira vez que repeti um mantra: ‘Deus, por favor me ajude a ficar no tempo e no tom certos'".

Warner relança filme

Para celebrar os 40 anos do festival, a Warner Bros. lança o DVD Woodstock - 3 Dias de Paz, Amor e Música - Versão do Diretor (R$ 79,90). Trata-se de box com quatro DVDs vendido exclusivamente nas lojas Saraiva.

A nova edição do documentário do diretor Michael Wadleigh, vencedor do Oscar em 1971, traz as performances de 32 artistas, cenas inéditas e entrevistas exclusivas feitas na época dos concertos.

Acompanhado pela Grease Band, o cantor britânico Joe Cocker consagragou-se no festival com sua interpretação para o clássico dos Beatles, With a Little Help from My Friends. O The Who, com o vigor e a competência habitual, empolgou a platéia com See Me, Feel Me, Escalado para encerrar o festival, Jimi Hendrix executou a célebre versão de The Star-Spangled Banner, o hino norte-americano.

Auxiliado pela alavanca e por efeitos de distorção na guitarra, o legendário guitarrista simulou sons de helicópteros e canhões, em referência à Guerra do Vietnã, que dividiu a opinião pública dos Estados Unidos. Amanhã, às 16h, o Multishow exibe a clássica apresentação do músico, que mostrou hits como Purple Haze e Foxy Lady.

O Festival de Woodstock teve outras edições em 1994 e 1999, mas nenhuma delas obteve metade da repercussão e do impacto causado pelo primeiro evento.