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Região registra sétima
morte por afogamento

Menino de 18 anos foi resgatado com vida, mas
morreu no Pronto-Socorro Central de S.Bernardo

Fabio Munhoz
04/02/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


 Morreu na madrugada de ontem a sétima vítima de afogamento no Grande ABC apenas neste ano. O acidente ocorreu no domingo em São Bernardo, na Represa Billings. Natanael Francisco Lopes, 18 anos, nadava na Prainha do Riacho Grande e chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao PS (Pronto-Socorro) Central da cidade, mas não resistiu.

O jovem morto também era morador do Jardim Oratório, em Mauá, bairro onde viviam os cinco garotos que morreram na quarta-feira após se afogarem no Tancão da Morte, em Santo André. Todos eles se conheciam, já que viviam na região desde pequenos. A tragédia ocorreu quando o grupo tentou ajudar um dos meninos (leia ao lado).

O estudante Marcos Vinícius da Silva, 18, que estava com Natanael no momento da ocorrência, relata que ele e o amigo haviam avançado até ponto mais fundo da represa. “Eu estava com água até o pescoço. O Natanael foi mais longe. Falei que era melhor voltarmos, e comecei a nadar de volta para a margem. Quando olhei para trás, já não o via.” Outros dois jovens que não sabiam nadar esperavam a dupla em terra.

Após retornar à Prainha, Marcos Vinícius solicitou ajuda aos salva-vidas do Corpo de Bombeiros. Após cinco minutos, os militares localizaram o rapaz, que já estava desacordado. Natanael foi socorrido e levado pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao PS Central. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, as equipes do hospital tentaram reanimá-lo por meio de ventilação mecânica e entubação, mas não houve êxito.

O amigo de Natanael conta que, no dia do acidente, boias indicavam a área permitida para banho. Ele garante que eles não ultrapassaram o limite. “Ele sabia nadar, mas tinha muito problema de cãibras. Deve ter sido isso que causou o afogamento”, comenta Marcos Vinícius. O estudante garante que eles não haviam consumido bebidas alcoólicas. “Tínhamos comprado apenas refrigerantes.” De acordo com o sobrevivente, foi a primeira vez que o grupo foi junto para a Prainha do Riacho Grande. Ele assume, entretanto, que já nadou no Tancão da Morte e reforçou o coro dos familiares das vítimas do acidente no Parque Guaraciaba, de que faltam áreas de lazer para a população jovem de Mauá.

Natanael nasceu em Tuparetama, Pernambuco, mas morava em Mauá desde criança. O corpo foi velado na casa da família e o enterro deverá ocorrer hoje, às 8h, no Cemitério Santa Lídia, em Mauá.

 

OUTRO CASO

No domingo, pouco antes do acidente com o morador de Mauá, outro jovem, de 20 anos, foi encontrado morto na Billings. Waldeir Moreira de Alvarenga nadava com amigos em prainha desativada na região do Alvarenga, em São Bernardo. Amigos do jovem também acreditam que a vítima sofreu com cãibras antes de se afogar na represa. (Colaborou Rafael Ribeiro)

Área da represa dificulta fiscalização

 

A grande quantidade de áreas de mananciais no Grande ABC dificulta a fiscalização por parte do Corpo de Bombeiros. A avaliação é do comandante da corporação na região, tenente-coronel Roberto Alboredo Sobrinho. Apenas a Represa Billings ocupa 106,6 quilômetros quadrados, espaço pouco maior do que toda a cidade de Ribeirão Pires.

 “Não tem como fiscalizar tudo. As pessoas precisam respeitar os locais em que o mergulho é proibido”, comenta. Ele acrescenta que muitos banhistas procuram justamente as áreas em que não há supervisão. “Se colocar proteção em um ponto, ele vai morrer no outro.” Segundo Alboredo, a profundidade das represas e as más condições físicas dos usuários são os principais responsáveis pelos óbitos.

No domingo, o Diário publicou reportagem mostrando que a tragédia no Tancão de Morte não inibiu os banhistas, que continuam se arriscando em locais impróprios em Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá e São Bernardo.

Procuradas, as prefeituras citadas alegam dificuldade de fiscalização. Em São Bernardo, o Executivo diz que está em curso até o dia 27 a Operação Verão, com o monitoramento intensivo da GCM (Guarda Civil Municipal) e agentes de trânsito.

Entretanto, o próprio poder municipal destaca que o grande número de propriedades privadas em torno da represa limita bastante o espaço de fiscalização.

Ontem, após a publicação da denúncia pelo Diário, Ribeirão Pires revelou que debaterá no Gabinete de Gestão Integrada Municipal, junto com responsáveis pela Segurança da cidade, que tipo de ação poderá ser desenvolvida na Ponte da Light. Ontem, no local onde jovens pulam de altura de seis metros para um dos braços da Billings, no Parque do Governador, a movimentação também era intensa.

Em Santo André, a Prefeitura reforçou a vigilância no Tancão da Morte com equipes da Romo (Rondas com Motocicletas) da GCM e uma equipe faz o levantamento de todas as trilhas clandestinas que dão acesso ao local.

O Executivo pretende aterrar o lago, mas para isso depende de autorização do Judiciário. A cidade tem 90 dias para apresentar ao MP (Ministério Público) uma solução viável ao local. Procurada, a Prefeitura de Rio Grande da Serra não se manifestou.

 




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