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Diadema quer lei seca em padaria
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
22/06/2005 | 07:55
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A população de Diadema quer ampliar a lei seca e estender sua aplicação para padarias e supermercados, bem como aumentar a fiscalização nesses pontos contra venda de bebidas alcóolicas para crianças e adolescentes.

Essa medida faz parte das principais sugestões apresentadas pelos cidadãos nas cinco audiências públicas realizadas na cidade para a discussão do 2º Plano Municipal de Segurança, lançado em abril.

A apresentação da participação popular no projeto ocorreu terça durante a Conferência Municipal do plano, evento que ocorreu na Fundação Florestan Fernades, no Parque Sete de Setembro.

A lei seca foi instituída pela Prefeitura em julho de 2002 e determina que os bares abaixem as portas das 23h às 6h. Segundo especialistas, a medida foi um dos principais fatores que influenciaram a redução de homicídios na cidade. De acordo com a Prefeitura, pesquisa realizada pela administração mostra que 89% dos cidadãos aprovam a lei.

A última comemoração da cidade no combate a esse tipo de crime foi no início do mês, quando foram completados 24 dias consecutivos sem assassinatos, superando a marca de 19 dias, registrada entre janeiro e fevereiro de 2004. Quadro bem diferente de junho de 1999, quando houve 41 mortes.

A ampliação da medida para padarias e supermercados, assim como outras intervenções apresentadas pela população, dependerá de uma filtragem que será realizada pelo prefeito José de Filippi Júnior (PT) em conjunto com todos os secretários da administração e o Instituto Sou da Paz, responsável pela produção do texto inicial do plano exibido em abril.

Reuniões entre o prefeito e secretários irão definir o que poderá ser aplicado ou não. O texto final do projeto será mostrado em 12 de agosto, em evento que deverá contar com a presença do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Segundo a Prefeitura, a aplicação do plano deverá ocorrer no mesmo mês.

“As sugestões mostram um anseio de pessoas que participaram das audiências, não quer dizer necessariamente que serão colocadas em prática. Vamos agora analisar o que pode ser aplicado ou não”, afirmou a secretária de Defesa Social, Regina Miki.

As audiências foram realizadas no Centro, Jardim Paineiras, Piraporinha e Eldorado. Compareceram 353 pessoas. De acordo com a Prefeitura e o Instituto Sou da Paz, foram consideradas também idéias apresentadas por meio de parte dos 50 mil formulários contidos em jornais informativos do plano, bem como sugestões enviadas via internet.

“As audiências mostraram que a população de Diadema é extremamente bem informada e tem preocupações especiais com relação à prevenção ao crime e não a medidas mais punitivas”, contou uma das coordenadoras do plano, Paula Miraglia, integrante do Instituto Sou da Paz.

No final da conferência, também houve espaço para cidadãos darem mais dicas. Maria da Glória, moradora do Jardim Campanário e “católica fervorosa”, disse que é preciso conscientizar os jovens contra o consumo de drogas e que os guardas municipais deveriam abordar as pessoas com menos truculência. “Parece que é um vício herdado da Polícia Militar. Acho que muitos guardas não mostram educação quando falam com as pessoas, principalmente os negros”, disse Maria.

Um homem que não quis se identificar, morador do Serraria, afirmou que as favelas são vítimas de preconceito. “Não é só na favela que tem violência. Praças em muitos bairros considerados bons para se viver estão tomadas pelo tráfico de drogas”, relatou.

A estudante Bianca Martins, 16 anos, aproveitou o microfone para criticar o prefeito. “Onde está o Filippi quando apresentamos as sugestões? Ele deveria ficar aqui para ouvir a gente”, disse Bianca. O prefeito só compareceu no início do evento. A secretária Regina respondeu que Filippi não poderia ficar pois tinha de entregar uniformes para crianças em creches.




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