O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, foi obrigado na quarta-feira pelos Estados Unidos e pela Inglaterra a recuar, depois de ter anunciado a retirada progressiva das tropas italianas do Iraque, afirma de maneira unânime a imprensa italiana.

"George W. Bush e Tony Blair dizem 'stop' a Berlusconi", afirma na capa o jornal La Repubblica, ligado à oposição de centro-esquerda. "Bush e Blair obrigaram Berlusconi a se retratar", destaca um editorial do jornal.

"Bush e Blair freiam Berlusconi", é a manchete do Corriere della Sera, o jornal de maior tiragem da Itália, que foi severo com a mudança do chefe de governo. "Em um país sério, o chefe de Governo não pode dar declarações tão ambíguas sobre um tema que afeta a vida e a morte de tantos seres humanos", critica o jornal.

Silvio Berlusconi surpreendeu a todos ao anunciar na terça-feira, durante um programa da rede de televisão pública italiana RAI: "a partir de setembro começaremos a reduzir progressivamente o número de nossos soldados no Iraque".

Porém, o presidente dos EUA, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, se apressaram em afirmar na quarta-feira que não estava prevista nenhuma retirada das tropas do Iraque, o que obrigou o governo italiano a retratar-se em várias oportunidades durante o dia.

À noite, Berlusconi mudou de posição e declarou que a Itália não vai retirar suas tropas do Iraque em setembro sem o consentimento dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. "Manifestei simplesmente o desejo", afirmou Berlusconi a um grupo de jornalistas. Ele acrescentou que a retirada das tropas italianas, quase 3.300 homens que estão ao sul do Iraque, "deve ser acordada com os aliados".