Diante da situação enfrentada no início deste ano em todo o País, com números alarmantes de casos de dengue (doença transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro da primeira vacina tetravalente contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. A imunização é produzida pela empresa francesa Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda e a decisão foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

A dose, porém, não protege contra os vírus chikungunya e zika, também transmitidos pelo inseto. Neste ano, foram confirmados mais de 1,4 milhão de casos de dengue no Brasil. O Grande ABC, de janeiro até o dia 16 de novembro, registrou 7.352 casos autóctones de dengue (contraídos no município de residência da pessoa), o que equivale a aumento de 554,7% em comparação ao mesmo período do ano passado (1.123 ocorrências), além de seis mortes.

Este é o terceiro registro da vacina, que também foi aprovada no México e nas Filipinas no início do mês. O pedido brasileiro de registro aconteceu no dia 31 de março. “A Anvisa aprovou com prioridade, em tempo recorde”, comemorou a diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani, em entrevista ao Diário.

A decisão de fornecer a proteção no SUS (Sistema Único de Saúde) é do Ministério da Saúde. Em nota, a Pasta declarou que a questão “será estudada com prioridade e levará em conta critérios como
Na rede particular, a comercialização aguardará definição de preço da vacina, o que será analisado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão interministerial responsável pela definição dos custos de medicamentos. Segundo Sheila, a fabricante ainda não encaminhou proposta de valor. “Para a decisão de preço, vai depender de qual estratégia de vacinação o governo vai implementar, que grupos receberão, para aí propor o valor ao CMED.” Quando o preço for estipulado pelo empresa, o CMED terá prazo de três meses para decidir se a proposta está equilibrada. “A expectativa é que a vacina esteja disponível ainda no primeiro semestre”, falou Sheila.

A Dengvaxia® – nome da vacina –, apresentou eficácia global confirmada contra qualquer sorotipo da dengue de 65,6% na população de 9 a 45 anos. Se considerada a forma da dengue que leva à hospitalização, a eficácia verificada da vacina foi de 80,8%. “A vacina é um ganho imensurável para a Saúde pública. Se tudo ocorrer como os estudos mostraram, não haverá mais casos de dengue hemorrágica.”

O imunizante deve ser aplicado em três doses (injeções), com intervalos de seis meses.
Para o infectologista Munir Akar Ayub, a vacina é importante, mas não resolve sozinha o problema. “Precisa evitar o criadouro do mosquito. A vacina não é 100%.”