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Ex-árbitros divergem sobre erros no Brasileirão em 2015

Renato Marsiglia vê deslizes normais e lança desafio; Salvio Spinola defende melhor preparação

Por Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
04/09/2015 | 07:00
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Estadão Conteúdo


Um dos poucos pontos pacíficos do futebol brasileiro em 2015 é que a arbitragem está longe do ideal. Quarta-feira, o erro do árbitro Sandro Meira Ricci (Fifa-SC), que, auxiliado por Fabio Pereira (Fifa-TO), anulou gol legítimo do Fluminense contra o Corinthians, quando a partida estava 1 a 0 para o Timão, a exemplo da derrota do Atlético-MG para o Atlético-PR, foi o assunto mais comentado do dia. O Diário ouviu ex-árbitros e técnicos para aprofundar o debate sobre o polêmico assunto do Brasileiro. Nenhum deles acredita em complô para beneficiar equipes.

Segundo o ex-árbitro Renato Marsiglia, hoje comentarista da TV Globo, os erros sempre aconteceram, mas a tecnologia, como as redes sociais e a transmissão com replays, dá mais visibilidade aos deslizes. “Em todos os campeonatos ocorrem erros. Os recursos eletrônicos para detectá-los são vários, o árbitro não tem isso. (O gol anulado) É inaceitável. É absoluta desatenção e falta de foco. Os árbitros estão melhores preparados hoje”, avaliou. “Um bom teste para o torcedor é assistir ao jogo no estádio sem o rádio ou celular e perceber quantos erros ele conta. Depois, vai ver na televisão”, sugeriu o gaúcho.

Visão semelhante tem o técnico Luís Carlos Martins, do São Caetano. “Há o erro porque o cara é ser humano. Quando vemos pela TV, em câmera lenta, se torna mais fácil de analisar.”

Ex-técnico do Azulão Jair Picerni citou episódio da expulsão do atacante Rui Rei, da Ponte Preta, na decisão do Campeonato Paulista de 1977 contra o Timão – comenta-se que o atleta teria provocado o cartão vermelho de propósito. “Depois veio a história de que ele (Rui Rei) teria sido comprado pelo Corinthians. Mas eu não acredito (em complô)”, disse.

Ex-árbitro e comentarista da ESPN, Salvio Spinola lembrou que a pressão é inerente ao trabalho de todos, inclusive do árbitro. “Sofrer pressão é normal. Para chegar a apitar Corinthians e Fluminense tem de estar preparado”, destacou ele, que vê deficiência na preparação e sugere ação imediata para conter a crise na arbitragem.

“A CBF precisa fazer um plano emergencial para salvar o campeonato. É pegar 25 árbitros e falar: ‘Vocês vão cuidar da Série A e vão ter nosso apoio.’ É hora de fechar um grupo e tocar o campeonato. Depois, com ações a médio e longo prazos, melhorar a preparação e a formação. Senão vai continuar a mesma coisa”, afirmou.

Grandes clubes paulistas já foram beneficiados e prejudicados

Além do gol legal de Cícero, do Fluminense, mal anulado contra o Corinthians, outros lances já causaram polêmica no Brasileirão.

Também na 22ª rodada, o Palmeiras teve gol mal anulado contra o Goiás – na ocasião, Barrios estava na mesma linha da zaga antes de estufar a rede.

Na 17ª rodada, no clássico entre Corinthians e São Paulo, os tricolores reclamam até hoje do último lance da partida. Em finalização de Wesley, Uendel colocou a mão na bola dentro da área, mas o árbitro Leandro Pedro Vuaden (Fifa-RS) não assinalou o pênalti. O duelo terminou empatado por 1 a 1.

Já os corintianos têm o que reclamar na nona rodada, no clássico contra o Santos na Vila Belmiro. Após cruzamento, o zagueiro Gustavo Henrique colocou a mão na bola dentro da área – o duelo foi vencido pelo Peixe por 1 a 0 na última derrota do Timão até aqui na competição nacional.




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