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Indústria continua a investir mesmo com crise e juros altos
Frederico Rebello Nehme
e Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
Com AE
27/08/2005 | 07:43
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O real valorizado, a elevada taxa de juros e a crise política não afetaram o nível de investimento da indústria de transformação brasileira - com forte presença no Grande ABC - para o ano de 2005. De acordo com a Sondagem Conjuntural da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgada nesta sexta-feira, 59,6% das empresas brasileiras afirmam que vão realizar investimentos em 2005 maiores que durante o ano passado, indicando a aposta do setor no crescimento da economia brasileira.

Os bons resultados apresentados pela sondagem são puxados por setores com grande representação na região: indústria de máquinas e equipamentos - impulsionada pela demanda das exportações - e de bens duráveis, como a automobilística, beneficiada pelo aumento na oferta de crédito.

A pesquisa foi feita entre os dias 28 de junho a 28 de julho. O total de investimentos programados para esse ano abrange 710 companhias, mas apenas 676 empresas concordaram em responder informações detalhadas de aportes nos anos de 2004 e de 2005.

O coordenador de sondagens conjunturais da FGV, Aloísio Campelo, afirmou que os investimentos estão sendo mantidos porque as estratégias das empresas envolvem planejamento a longo prazo. "Quando o empresário pensa em investir, ele imagina um retorno de longo prazo. Assim, o clima desanimador no curto prazo não afeta a decisão de investimento", disse.

No caso da indústria de bens de consumo, no qual estão incluídos os bens duráveis, como automóveis e geladeiras, 61,6% das empresas pesquisadas no setor planejam investir mais nesse ano, em relação ao ano passado. No Grande ABC, investimentos de peso foram anunciados neste setor, em especial as atividades ligadas à cadeia automotiva: R$ 500 milhões na GM; R$ 260 milhões na DaimlerChrysler; R$ 99 milhões na Volkswagen; R$ 60 milhões na Bridgestone-Firestone; R$ 30 milhões na Pirelli; entre outros.

"As indústrias que trabalham com um 'horizonte de tempo' mais amplo, como a indústria automotiva, siderúrgica, petroquímica e de bens de capital, por exemplo, não fazem investimentos pensando nos próximos seis meses, mas com uma expectativa mais ampla", afirma Cláudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

Esse é o caso da alemã Basf, que não vê motivos para preocupação devido às oscilações da economia e da política no país. A empresa vai manter a programação de investir US$ 50 milhões até final do ano na subsidiária brasileira, de São Bernardo. O recurso representa 85% de todo investimento reservado pela matriz para a América Latina.

Segundo o diretor-geral da Basf, Vitor Gonçalo Seravalli, a empresa não irá alterar o posicionamento estratégico no país em razão das incertezas políticas e econômicas. "O que foi planejado vai ser investido, assim como vão fazer todas as empresas que tenho contato. Além disso, estamos entrando numa sazonalidade importante, porque o segundo semestre é um período fundamental para diversos setores produtivos. No nosso caso, as vendas de julho a dezembro representam 60% do total do ano", afirmou Seravalli.


Influência - A manutenção dos investimento na indústria não está restrito às grandes empresas, e passa a influenciar uma série de empresas de uma mesma cadeia produtiva. A Proteck, por exemplo, fabricante de autopeças de porte médio em São Caetano, está realizando investimentos pelo menos 50% superiores ao do ano passado, segundo o diretor da empresa, Vladimir Chiea, que não revelou os valores totais.

"A nossa empresa fornece produtos para a cadeia automotiva ligada à exportação de veículos pesados, e não há perspectiva de redução de vendas para esse setor. Temos encomendas fechadas até 2006", afirmou Chiea.



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