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Muro do Parque Central será reconstruído pela 13ª vez

Secretário de Obras destaca que problema é de cunho social e aguarda remoção das famílias

Por Natália Fernandjes e Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/03/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 A Prefeitura de Santo André planeja a reconstrução do muro que separa a favela da Gamboa do Parque Central, no bairro Paraíso, em Santo André, pela 13ª vez em pouco mais de um ano. A ação é vista pela GCM (Guarda Civil Municipal) como necessária após a prisão do ferramenteiro Manoel Donizeti Pereira, 55 anos, acusado de molestar sexualmente ao menos cinco crianças e uma adolescente no local durante o Carnaval.

O muro tem pelo menos dois pontos de acesso ao parque, o que pode ter facilitado a ação do ferramenteiro, que teria amarrado as vítimas em árvore da área verde, ameaçado cortá-las com um facão e feri-las com um prego nas nádegas e genitais. A intenção da administração é permitir que a entrada dos visitantes seja realizada apenas pela portaria principal, o que facilita a segurança feita pela GCM.

De acordo com o secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, Paulinho Serra (PSD), o muro já foi refeito pela Sosp (Secretaria de Obras e Serviços Públicos) pelo menos outras 12 vezes, no entanto, moradores da própria comunidade tornam a abrir os buracos.

Paulinho considera que o problema é de cunho social, tendo em vista que as cerca de 350 famílias que moram na área já deveriam ter sido removidas. “Infelizmente a gestão anterior não deu prosseguimento ao processo de desocupação da favela e retomamos a ação no ano passado.”

O secretário destaca que a Pasta tem projeto de realizar melhorias no parque, no entanto, a obra só deve ser feita após a conclusão da retirada das casas. “Nosso cronograma prevê que em meados de abril teremos a parte final das remoções e, com isso, iniciaremos intervenções da mesma proporção do Parque Celso Daniel, além da integração da área à Sabina Escola Parque do Conhecimento”, destaca. A obra está orçada em cerca de R$ 3 milhões.

SEGURANÇA

O sub-comandante da GCM de Santo André, Rogério Durante, ressaltou que a corporação vai priorizar as rondas com moto pelo parque. “Com 2,3 quilômetros de volta, uma extensão grande e topografia acentuada, as rondas a pé se tornam cansativas”, explicou. Atualmente, 18 integrantes da GCM fazem patrulhamento no local.

O sub-comandante informou ainda que aguarda a reforma prevista para o espaço para que o parque passe a contar com câmeras, o que facilitaria os trabalhos. A GCM também pede a construção de um destacamento da corporação na área verde. “Hoje trabalhamos com regime de rendição.Com o destacamento, os guardas terão um local onde poderão fazer refeições, tomar banho e ter período maior de atuação”, diz.

Já a opção de aumentar as rondas com o uso de motos depende da compra dos veículos pelo governo federal, que deve acontecer até abril.

 

Remoção deveria ter terminado em 2012

A favela da Gamboa deveria ter deixado de existir até o fim de 2012. No entanto, estima-se que cerca de 350 famílias ainda morem em área de risco, tendo em vista que está sob rede de transmissão de alta tensão. O processo de remoção das casas começou em 2010, ainda na gestão do ex-prefeito Aidan Ravin (PTB), mas depende da entrega de unidades habitacionais para ser concluído.

A promessa do prefeito Carlos Grana (PT) é que a situação das famílias seja resolvida até o fim de seu mandato (dezembro de 2016). A novela da remoção é antiga – se arrasta desde 1998 e teve seus primeiros capítulos entre 1989 e 1992, quando parte da comunidade foi atendida por projeto habitacional que não vingou por inteiro. Assim, a área que havia sido abandonada foi reocupada.

O núcleo está em um dos pontos mais bem localizados da cidade, ao lado do Parque Central e próximo da Sabina Escola Parque do Conhecimento, do Hospital Estadual Mario Covas e do Shopping ABC. No entanto, por ter sido construída em cima de linha de transmissão da AES Eletropaulo, a favela não pode ser urbanizada.

A última remoção de moradores da área foi realizada em setembro de 2013, quando 62 famílias se mudaram para casas evolutivas no Conjunto Alzira Franco 2, no Jardim Alzira Franco. A expectativa da administração é entregar outros 80 apartamentos no local até meados de 2014, o que também beneficiará a comunidade da Gamboa.

A meta da Prefeitura é viabilizar a entrega de 5.000 moradias até 2016. 




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