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Rede pública de saúde de Diadema só sai do caos no 2º semestre
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
06/04/2006 | 08:11
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A rede municipal de saúde de Diadema está comprometida, com déficit de 40 médicos, especialmente clínicos-gerais. A carência dos profissionais reflete diretamente no atendimento à população. Na terça-feira, usuários que foram ao Pronto-Socorro Municipal disseram ter esperado praticamente o dia todo para serem atendidos. Quarta-feira, a espera era de cerca de três horas. O secretário de Saúde do município, Marcos Calvo, reconhece as falhas do sistema e diz que o problema só poderá ser resolvido quando os médicos forem contratados. E isso, segundo ele, não vai ocorrer antes do segundo semestre.

“O problema é que hoje não conseguimos atrair médicos para trabalhar aqui na cidade. Com um plano mais completo, com cargos e salários, acredito que essas vagas serão preenchidas”, disse o secretário.

Diadema estuda a criação de um plano de cargos e salários para o funcionalismo. O projeto ainda não saiu do Executivo e depende de aprovação da Câmara. A previsão é que a aprovação saia até o fim deste semestre. Só então, será aberto concurso público para completar o quadro de médicos do município.

No último concurso público, realizado em novembro do ano passado para contratação de médicos, apenas 71 das 89 vagas oferecidas pela Prefeitura foram preenchidas.

“Tivemos uma procura desproporcional. Para médico cirurgião, foram cerca de 70 inscritos para 15 vagas. Já para plantonista de clínica (geral, principal demanda na urgência e emergência), a relação foi baixa. Tínhamos cerca de 35 vagas e só nove clínicos foram contratados”, explica o secretário Calvo. Na tentativa de suprir as lacunas, foram realizados desde dezembro de 2005 três processos seletivos para contratação de médicos temporários.

Com isso, apenas 30 novos profissionais reforçaram o quadro de funcionários. São contratos válidos por um ano e prorrogáveis por igual período. Mas o próprio secretário de Saúde admite que a solução é paliativa. “O médico concursado tem maior vínculo com a comunidade, falta menos e dá mais estabilidade para o quadro.”

Além dos médicos temporários, a Prefeitura também possui contrato desde dezembro com uma cooperativa de médicos, a Unisaúde Sul. São 50 profissionais que, em sua maioria, fazem o atendimento de urgência e emergência na cidade. A administração considera que um dos graves problemas da saúde hoje é a constante falta desses médicos terceirizados.

Procurada pela reportagem, a Unisaúde Sul não se pronunciou sobre o caso. Apesar da recorrência do problema, o secretário de Saúde não cogita a possibilidade de romper contrato com a empresa. Na semana retrasada, a assistente da Secretaria de Saúde, Rosana Grasso, havia afirmado que o rompimento com a cooperativa era uma possibilidade possível.

Enquanto não é aberto o concurso público para o preenchimento do quadro da Saúde, o secretário disse que tenta mudar a estrutura do sistema, descentralizando o atendimento. A idéia, segundo ele, é fazer com que as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) absorvam parte da demanda que atualmente segue para o pronto-socorro.

Hoje, as UBSs só atendem pacientes com consulta marcada. Moradora da Vila Guacuri, Andrezza Ribeiro de Jesus, 15 anos, pegou um ônibus quarta-feira para ir até o PS do Hospital Municipal. “Estou morrendo de dor de cabeça, mas não dá para esperar mais. Vou voltar para casa”, afirmou a garota, que aguardava há três horas por consulta. Moradora de São Paulo, a dona-de-casa Edna Rocha, 57, também esperava por consulta no PS.

A Secretaria de Saúde de Diadema informa que casos de migração são comuns e que não há como evitá-los. Informou ainda que enquanto o déficit de profissionais não é sanado, os profissionais do PS darão prioridade a atendimentos de casos graves.




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